domingo, 4 de abril de 2021

O PODER DA JUBAÍBA E O SIMBÓLICO NÚMERO DOZE

 


1974  Além de Walkíria e Wânia Lucena, também faziam parte da diretoria da Jubaíba para o triênio 1974/1975 (da direita para a esquerda): Tomaz Munguba, Renivaldo Rufino, Eliezer Lourenço, Eliam Bastos, Ademar Barbalho, Abraão Barbosa, Francisco Carlos Farias, Edvaldo Marcelino Lins, Eli Fernandes e Joabe Costa. 


O PODER DA JUBAÍBA E O SIMBÓLICO NÚMERO DOZE [i]

enivaldo ufino

Mesmo que hoje encontremos apóstolos em quase tudo que é de lugar, a simbologia numérica da diretoria da Juventude Batista da Paraíba para o triênio 1974/ 1975 tem referência direta com o colégio apostólico que foi organizado a partir de Jesus de Nazaré. O número doze está representado na diretoria formada de duas mulheres e dez homens. Metade abandonou a Paraíba pequenina para atender a um chamamento que entendia ser bem maior [ii]. O momento foi tão decisivo e revolucionário quanto alguns outros momentos vividos pela organização, desde sua conturbada gestação nas entranhas intelectuais do jovem Eliezer Lourenço. Já que jubaibanos e jubaibanas nasceram rebeldes com uma causa, dá para entender a razão de tantos abalos sísmicos na experiência da Jubaíba. Tudo isso gerou lágrima e alegria: durante os memoráveis acampamentos ‒ inclusive em um deles, que inspirou um artigo intitulado “Lágrimas da santificação” ‒, na empolgação pelos resultados, na frustração diante de empecilhos surgidos antes de tudo começar, e na admiração pela possibilidade de fazer tanto em tão pouco tempo.

A segunda diretoria da Jubaíba, acima, que sucedeu à primeira, esta eleita para o biênio 1972/1973, já estava atuante no segundo acampamento, em 1974, cujo tema proposto era um tremendo desafio: “As bênçãos da santificação”, ainda mais pelo fato de estar fundamentado no tripé Oração, santificação e ação. Segundo artigo publicado na época, “deveria ser o lema‒vida de todos os jovens” [iii]. Essa era a meta de doze pessoas, que fariam tudo a fim de torná‒la viável na vida de toda a juventude. Sob a orientação do conselheiro Tomaz Munguba, sempre em estreito vínculo de amizade com a turma jovem, o “propósito da nova Diretoria” era “primar pela vivência da sugestão” primeiro entre os próprios componentes e “em seguida levar o recado pessoal aos jovens do Estado”, conforme consta do mesmo artigo. O poder da Jubaíba também estava como que ancorado na rica simbologia do número doze, que representava o humilde e, ao mesmo tempo, arrojado projeto desbravador dos primeiros seguidores do fundador do cristianismo. A fortaleza jovem estava bem representada no próprio Diretor do Departamento de Mocidade da Junta Executiva Estadual. Que pena que Chiquinho não esteja mais conosco, vítima que foi de Covid‒19: Francisco Carlos de Araújo Farias (11/07/1954‒27/02/2021, 66) era apenas um menino de 20 anos na época dessa diretoria. E foi um dos principais, maiores e mais esforçados incentivadores e colaboradores desde o início da história da Jubaíba.

Essas doze pessoas se irmanavam como se fossem uma só. Estavam sempre conectadas, mesmo sem os recursos do algoritmo e outros meios tão eficientes de comunicação da modernidade. Era uma “...equipe experimentada, estando apta, por conseguinte, para realizar um trabalho de proporções gigantescas...”, diz o articulista. O lema que foi adotado para o biênio 74/75 parecia impulsionar cada vida à verdadeira ação, quer em benefício da juventude estadual, quer em benefício de pessoas carentes, espiritual, moral ou materialmente falando.

Eliezer Lourenço, fundador e primeiro presidente, fez parte da segunda diretoria como auxiliar direto do presidente, com toda a experiência de um período difícil, tumultuado e decisivo na vida da juventude estadual. A distância entre Santa Rita e Campina Grande era insignificante, por conta da grande amizade que unia os dois em torno do ousado projeto. A troca de correspondência entre eles era constante e sistemática, a maior parte arquivada e sob a guarda do autor do presente artigo, sempre disponível ao crivo de futuros pesquisadores. O planejamento, ideias e realizações faziam parte de um compartilhamento que era vital ao andamento da instituição, e desenvolvimento da juventude batista paraibana.

A segunda vice‒presidência estava a cargo de Eliam Bastos, também muito jovem, assim como os demais, que somava seus esforços ao esforço de todo o grupo e, ainda mais, encantava a todos e todas por onde passava com sua mansa e privilegiada voz. Tangendo as cordas do seu violão consagrado, quantas lágrimas arrancava de pessoas que ficavam embevecidas diante do emocionante espetáculo musical. Eliam era alguém que passava aquela imagem de mansidão característica do cristão.

Já o primeiro secretário, Ademar Barbalho, fazia o trabalho cuidadoso, esmerado e imprescindível para a manutenção da história da Jubaíba no futuro, ajudado pela eficiente Walkíria da Silva Lucena, como segunda secretária, e fundamental presença feminina na diretoria. Quão importantes os registros feitos por ela e por ele, da continuação dos acontecimentos que fariam o perfil da Juventude Batista da Paraíba. Hoje, estamos à procura do primeiro livro de atas, como suporte necessário para pesquisas sobre a organização. Três líderes já foram acionados para isso: Cláudio, ex-presidente, Vinícios, atual presidente, e Linaldo, diretor geral do Instituto Teológico Batista de Ensino, membro da Junta Estadual e pastor da Igreja Batista de Pilar. Pena que a pandemia esteja impedindo o trabalho de busca.

As finanças da Jubaíba estavam em boas mãos, com Abraão Barbosa da Silva, tesoureiro, que já atuava como funcionário da Junta Executiva da Convenção Batista Paraibana, com sede em Campina Grande. Sua participação como membro da Primeira Igreja Batista não o impedia de se dedicar de corpo e alma para impulsionar o trabalho jovem no Estado. Era ele um dos grandes segredos do poder da organização.

As quatro diretorias estavam divididas entre nomes de grande peso e significativa importância para alavancar o projeto: na de evangelismo, Eli Fernandes de Oliveira, que era uma espécie de embaixador em congressos pelo Brasil, inclusive no Nonoiânia, em Goiás, onde representou a juventude estadual e foi destaque em O Jornal Batista da época, quando a Jubaíba ainda era apenas uma ideia. Na primeira diretoria, desempenhou a função de Diretor do Departamento de Juventude.

Quem atuava na diretoria de música era o ex‒garoto prodígio Joabe Corrêa Costa, que desde pequeno exibia dotes musicais na igreja e nas ruas de Campina Grande, orientado que era pelo pai, José Hilário da Costa Filho. Joabe sempre foi muito mais de fazer do que de aparecer. Seu jeito simples e sua sensibilidade musical deram um grande impulso ao trabalho jovem na Paraíba. Além disso, participava da igreja e se envolvia com afinco no curso de engenharia, tornando-se, posteriormente, um renomado profissional na cidade Rainha da Borborema, hoje marcada por seus projetos. A capela do Seminário Batista de Recife também contou com sua colaboração.

Talvez o mais jovem da diretoria fosse mesmo Edvaldo Marcelino da Silva Lins. Seu departamento era dos mais atraentes e requisitados não apenas pelos rapazes, mas também pelas moças. É que a criatividade parece que não tinha limites em termos de esporte, pois havia até uma célebre disputa entre casais. A velocidade dos meninos no jogo de futebol era retida pelas meninas que com eles faziam par. Correr até que eles corriam, porém agarrados às mãos de suas parceiras. Aí a coisa como que desandava e eles saíam caindo aqui e acolá para não prejudicá‒las. Eram momentos de muita alegria, descontração, risos e participação, com os casais em passo de tartaruga para conseguir marcar um gol e sair com o gostinho da vitória. Até mesmo o registro fotográfico do concorrido jogo de futebol ficou na memória e ainda desperta gargalhadas. A área de esporte sempre foi muito concorrida nos momentos divertidos que marcaram o início da Jubaíba.



[i] “Quando toda a simbologia desse número (12) é reunida em diferentes culturas, obtemos o número do justo, da elevação e do equilíbrio. É o número que representa o ponto mais alto que o sol pode atingir, ou seja, (o ponto) de maior poder e luz”. Conforme algoritmo do Google.

[ii] Aguarde a publicação de mais um artigo neste Blog, que tratará do assunto acima proposto.

[iii] Conferir, RUFINO, J. R. “Jubaíba tem nova liderança”. in: Mocidade Batista, Rio de Janeiro: JUERP, 1976. 4T76. p. 39.

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GALERIA DE FOTOS


1974: Fac-símile da reportagem, na revista Mocidade Batista do quarto trimestre.



Tomaz Munguba e Natanael Cruz foram preletores no segundo Acampamento.


1974: II Acampamento da Jubaíba, em Lagoa Seca, sob o tema: “As bênçãos da santificação”. O grupo Mensageiros de Cristo, da Primeira Igreja Batista de João Pessoa, participa ativamente do acampamento.


1975: o Acampamento Batista de Lagoa Seca fervilhava. O orador nessa ocasião foi Hélio Lourenço, da Igreja Batista Alvorada, de Feira de Santana, BA.



Eli Fernandes no Nono Congresso da Juventude Batista Brasileira, em Goiânia, quando a Jubaíba era apenas uma ideia, e quando ele já apresentava “um excelente relatório dos trabalhos da Juventude Batista Paraibana”. Talvez por isso é que algumas pessoas ainda chegaram a pensar que ele era o fundador da Jubaíba, quando quem foi o fundador de fato e de direito foi Eliezer Lourenço, conforme artigo já publicado neste Blog.