FOTO 1 1958, Arcoverde, PE ‒ Maria Laura Freire Santos
(10/11/1912‒25/07/1994, 81), Lia, aos
46 anos, com vestido costurado por Elizabete, que se tornou mãe de sua primeira
e querida neta, Socorro, a quem ela mesma criou.
ESPAÇO COMPARTILHADO
ℛenivaldo ℛufino
Minhas publicações
neste Blog só se tornaram possíveis graças à ajuda do querido amigo e
companheiro Marcos Monteiro. Grande incentivador, ele sempre esteve e continua
presente em minha vida. Aproveito o momento para agradecer publicamente sua significativa
colaboração.
Quem primeiro compartilhou este espaço comigo foi meu filho
Joran Diniz Rufino, com o excelente artigo sobre seu filho Nicolas, dia 02/01/2021:
“O menino, o mar e a divindade”. Hoje,
este espaço se abre para dar acolhida a um texto produzido em 2012 pelo meu
irmão Reginaldo Freire, por ocasião do centenário de nascimento de nossa mãe.
Assim como fiz surpresa a Joran, assim também farei com Regi. Ao rever, revisar e arrumar o texto tanto tempo depois, eis
que me veio à mente o título que trata dos encantadores encantos e desencantos
na vida de Lia, apelido afetivo pelo
qual Maria Laura era conhecida. Depois surgiu uma pergunta: e pode haver
encantadores encantos nos desencantos? E logo veio a resposta um tanto
simplista: os desencantos também têm seus encantos, talvez não tanto quanto os
encantos do encanto, mas têm. Lia, ou Maria, talvez tenha tido mais desencantos que
encantos em sua humilde trajetória de oitenta e um anos de vida. Isso, porém,
não lhe tirou a alegria de viver, mesmo em situações extremas. Já na
adolescência, lá do alto do sítio da Penha ‒ que pertencia a seu irmão Antônio
Freire ‒, próximo à cidade de Sertânia, PE, o trinado de sua alegre e afinada
voz era ouvido à distância. Assim como as alegres notas do canto, jamais ouvi
uma nota de desencanto saída de sua boca. A situação poderia estar no
limite, mas ela sempre ultrapassava esses limites com sua positiva visão da
vida, e com sua postura de mulher guerreira ao lado do esposo e companheiro. Vamos, agora, às gratas recordações que
estão nas lembranças do quarto e querido filho de Lia.
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FOTO 2 2005 ‒ Reginaldo e Renivaldo em São Paulo, durante os
dias em que este esteve envolvido com o doutorado de filosofia na USP.
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ENCANTADORES ENCANTOS E DESENCANTOS NA
TRAJETÓRIA DE LIA [i]
Reginaldo Freire
Sítio Algodões [ii],
Sertânia, PE, 10/11/1912. Guarulhos, SP, 10/11/2012. Se estivesse viva, estaria
nossa mãe completando 100 anos nesta data.
Lia perdeu a mãe
com apenas sete anos de idade. Tinha
muitos lugares onde ficar. Todo o carinho que lhe foi podado na infância com a
morte da mãe, teve de castigos em cada passo da trajetória, passando pelas
casas dos seus irmãos. Ficamos sabendo, por ela mesma, que a menina
Maria era tratada pelo afetuoso apelido de Lia.
Sete anos, tão criança ainda, tão
dependente do cuidado e carinho dos pais. Nessa idade, o filho está tão ligado
à mãe, que no estudo dos sentimentos não tem como conjugar este verbo. No caso
de Lia, era tudo separação, perda e
dor. Debulhando as pegadas nos passos da sua caminhada, ficamos sabendo que
muitas pedras caíram no seu caminho. Quem a maltratou, quem foi indiferente e
quem lhe deu carinho. Ficamos sabendo disso tudo, contado por ela mesma.
Tomamos
conhecimento de praticamente tudo sobre a vida e os sofrimentos da menina Lia. Ela mesma gostava de contar aos
filhos e à filha sobre o sofrimento que passou ao longo da infância, assim como
quem recebe uma dívida em longas prestações. Tinha que acordar muito cedo. Se
passasse da hora, as chicotadas eram seu despertador. Criança gosta de dormir
um pouco mais, exceto nas casas de parentes, principalmente quando perde a mãe.
Imaginemos quão difícil era, pois em cada casa que passasse teria de se
enquadrar ao sistema da casa. Para uma criança é muito complicado esse ritmo de
vida. À medida que os anos iam passando, sua independência ia chegando. Sofreu
muito com o excesso de ciúmes, sobretudo na passagem crítica da adolescência.
Sua escolaridade era praticamente zero [iii].
Ela nada nos falou sobre isso. Fico
a pensar que ela pulava essa parte dos estudos devido à precariedade da vida
que levava.
Bateu em muitas
portas, viu muitas caras, teve pouca atenção, pouco carinho, muita crítica e
muita cobrança. Porém, não desistiu, acreditou, até mesmo por falta de opção. Ela
não teve sequer o direito de cair. Tinha que permanecer em pé e ser obediente à
severa vigilância.
Como uma espécie de doutora sem doutorado ou psicoterapeuta
sem diploma, ela tinha uma postura extremamente humana e solícita diante dos
que a buscavam. Antes de qualquer
remédio para o doente, uma boa conversa era repassada para ele. No raio das
suas possibilidades, não media esforços e sempre conquistava novas vitórias.
Certa vez, pediu
emprego para pai ao então governador de Pernambuco, dr. Etelvino Lins de
Albuquerque. Tudo graças à amizade que fez com a família Lins de Albuquerque
nos tempos da sua juventude em Sertânia. Seu pedido foi prontamente atendido:
pai conseguiu uma vaga como fiscal do DNER, num trecho de estrada que estava em
construção em Santa Maria, nas proximidades de Rio da Barra.
Bem antes disso,
quando ainda só tinham dois filhos, José e Raimundo, evitou que pai voltasse da
procura de emprego que fazia em Caroalina (vilarejo que pertence ao município
de Sertânia). Por mera intuição, procurou pai, conversaram e resolveram ficar
por lá. Tiveram muito sucesso (durante os dez anos que passaram por lá),
geraram mais três filhos e uma filha, e foi aquela a melhor época de suas
vidas.
Socialmente,
representou muito bem o seu esposo, companheiro e amigo. Nessa época, já
praticava seus conhecimentos junto às pessoas necessitadas. Um desses exemplos
é o de uma pessoa que foi esfaqueada e ela cuidou do ferimento a tempo. Ela
jamais levou um filho ao médico. Tratava tudo em casa. Quando não encontrava o
remédio adequado nas bodegas da vila, usava ervas que existiam em abundância no
mato.
Quando estava feliz, cantava sua alegria de viver como se
fora um pássaro. Sua inspiração de
vida no lar era a família muito bem constituída. Carinho e amor eram a base do
cotidiano do casal e da família. Sentimos muito bem essa realidade nos dez anos
que moramos no vilarejo de Caroalina, de 1939 a 1949. Àquela época nós vivemos
num verdadeiro paraíso.
De Caroalina, o
casal se mudou para o sítio da Ringideira, a 6 km de Monteiro, PB, onde deu
tudo de si para levar avante o projeto com a terra e com as cerca de cinquenta
criações que levara de Caroalina. Sem dinheiro, com seis filhos pequenos para
criar, ela e ele foram testados na capacidade de sobrevivência em um ano
extremamente seco. Somente hoje é que tenho uma pequena noção do sacrifício que
os dois fizeram.
Na contribuição que dava à família, além dos afazeres do lar,
contou muito sua arte de costureira. Costurava não apenas para casa, mas para fora, como se dizia na região,
chegando a fazer alguns clientes. Além disso, foi companheira constante e
atuante nas ideias que pai arquitetava para sair das crises. Na Ringideira,
perdeu todas as mordomias que tinha em Caroalina. Teve que enfrentar todos os
afazeres de casa, inclusive uma família numerosa, com alguns que ainda eram
crianças. Foi firme nessa caminhada, jamais reclamou e deu o recado certinho
até o fim da crise. Tinha um belo criatório de galinhas, com uma boa produção
de ovos, e com uma boa quantidade de aves para abater, o que ajudava muito na
manutenção da casa. Cozinhava muito bem, com um bom tempero, e fazia um bolo
que ainda hoje é lembrado (e copiado): o inimitável chapéu‒de‒couro (também conhecido como bolo de caco). A sopa de feijão
também não deixava nada a desejar [iv].
O primeiro ano na
Ringideira foi de seca e perda total na agricultura, o que testou profundamente
a resistência do casal. No cântico da minha mãe, era fácil entender a tristeza
que passava. Nessa época, ela tinha por volta dos trinta e oito anos. Os
cabelos negros e ondulados destacavam a beleza do seu rosto e dos olhos ainda
com forte brilho. Chorava fácil, o que a enchia de ternura e sentimentos sem
fim.
Hoje, sei que lá
onde ela estiver não precisa mais de elogios. Como representante direto
que sou, posso dizer que tudo serve para preencher o vazio que ela deixou nos
nossos corações. Amei minha mãe e quero vê-la sempre linda na minha lembrança. Jamais se recompensa u’a mãe. É uma dívida
natural que rola como nenhuma outra. Quando o filho pensa na mãe, sabe que será
um eterno devedor dos cuidados e carinhos que recebeu. Se não pode fazer mais por sua mãe, faça pela
mãe dos seus filhos. Mãe sempre falava: “U’a mãe é
para cem filhos, mas cem filhos não são para u’a mãe”.
Ela sonhava mudar para a cidade, para dar estudo aos filhos. Sofreu, demorou, mas conseguiu. Tudo
porque acreditava. Hoje, estou tentando descrever um pouco dos seus sonhos,
graças ao estudo que tive por conta do esforço que ela fez. É o fruto do estudo
produzindo conhecimento e gratidão.
Sua visão era
ampla, como um farol de alto alcance. Avistava longe e tinha iniciativa.
Gostava de mudar. Estava sempre antenada, atenta. Nada escapava do seu
universo, sem ser captado pelo seu radar de alta precisão. Era uma máquina de
produzir ideias. Às vezes entrava em atrito com pai, no cruzamento dos
reflexos. Nada que atrapalhasse o bom relacionamento dos dois. Sua capacidade
de visão era abrangente. Quem quer que a procurasse iria encontrá-la sempre
disposta e pronta para agir. Era bom ter uma mãe assim, exceto quando havia
necessidade de enganá-la. Não sei se alguma vez conseguimos. Tudo era
compensado pelo jeitinho que ela tinha de consolar o filho.
Ela foi certa vez à Sertânia e não me levou. Eu tinha por volta dos cinco ou seis anos.
Lembro-me do desespero que fiquei. A falta e aquele clima de saudade que ficou
na sua ausência me deixaram sem opções. Olhei em volta, peguei um vestido dela
que estava num cabide e comecei a cheirá-lo. Era seu cheiro. O cheiro dela
estava impregnado no vestido. Que falta que me fazia. Foi um santo remédio para
amenizar a saudade, e também a grande falta que ela estava me fazendo. A
reciprocidade entre mãe e filho é um elo que as palavras não conseguem explicar
plenamente. O tamanho da falta que
ela deixa quando sai se justifica na sua volta. Bastam um abraço, um cheiro e
algumas palavras mágicas, que só as mães sabem dizer, para que tudo volte ao
normal. Quando se diz que a mãe é tudo para o filho, não é exagero. Seria
mágica? Pode ser.
A meninada estava
na sala curtindo uma daquelas brincadeiras que só ela mesma entendia. O clima
era de total descontração. Todos estavam atentos quando, de repente, mãe
aparece na sala trajando uma roupa de pai: terno, gravata, chapéu e sapatos. A
meninada ficou perplexa, de boca aberta, e quando caiu na real... a farra
explodiu. Todos queriam abraçá-la. Rimos e nos divertimos bastante, contagiados
pelo palhaço improvisado por ela.
Uma grande mãe é
como uma colcha de retalhos. Compõe-se no tempo, com arranjos, pequenos pedaços
de sacrifícios, contrastando com fagulhas de alegria, na composição da família.
Mãe, fonte de versatilidade tentando atender às necessidades dos filhos em
época de crises.
Certa vez, na hora
do almoço na Ringideira, os cachorros acuaram um bicho atrás de casa e alguém
gritou: “É um Teiú”. Mãe não pensou duas vezes. Pegou a espingarda, mirou não
sei pra onde e largou fogo. Deu para ver a poeira que o chumbo provocou
num formigueiro bem lá na frente. A
cena foi tão engraçada que até esquecemos o Teiú.
Seguindo o rastro
da crise, mãe precisava costurar uma roupa para Geraldo e Reginaldo. Como o
dinheiro estava fraco para comprar o tecido, dois sacos de farinha do reino
resolveram o problema. Os sacos foram descosturados, lavados, tingidos
de vermelho (encarnado), passados, e assim estava o tecido pronto para a
confecção das roupas. Até aí tudo bem, não fosse um cachorro que nosso tio João Tarciso possuía. Ele nos
estranhou. Precisamos de reforço
para entrar na casa. Nas aventuras e desventuras de um filho, sempre tem um
dedinho da mãe.
Mãe costurava,
bordava, fazia renda com bilros e até cortava o cabelo dos filhos. Nunca teve
escola para esses fins. Orgulho-me da mãe que tive e, agora, tentando descrever
pequena parte dos seus feitos, sinto muita saudade dela. Todo esse patrimônio
que tenho guardado com muito carinho me ajudou bastante na composição do seu
centenário de nascimento. Não é difícil reconhecer as fontes que me têm ajudado
nessa tarefa. A minha gratidão e o prazer de dividir com todos a
inspiração que documentou essas lembranças. Esse trabalho tinha que ser feito. Era como se fosse uma dívida que tinha
comigo mesmo. Não importa a pobreza do vocabulário, a falta de prática na
composição das frases e montagem do texto. Fiz a minha parte.
Como já citei, na
verdade, a nossa mãe já não precisa mais de nada que foi descrito neste
trabalho. A herança de sentimentos que ela deixou em cada filho se manifestou
na gratidão de cada um. Tenho prazer de anexar esse trabalho do centenário de
mãe ao de pai, como um reconhecimento da união que eles tiveram em vida.
Guarulhos, SP, domingo 23/06/2013, às 20h15.
GALERIA DE FOTOS
FOTO 3 1928 ‒ Sertânia, PE: Lia
aos 16 anos de idade.
FOTO 4 1935 ‒ Monteiro, PB: Lia recém-casada, ao lado de Nicoláu, recebe a visita de parentes:
três irmãos (Antônio, João [sentados], e Luiz Gonzaga), uma irmã (Auta Aurélia
[sentada]) e duas sobrinhas (Olívia e Nacy).
FOTO 5 1945/1946 ‒ Caroalina, Sertânia, PE: Lia eternizada nos descendentes (da esq.
p/dir.): Geraldo, Raimundo, Duza (José), Reginaldo e... Renivaldo na barriga. O
lindo carneiro entra como mascote pertencente ao filho mais velho.
FOTO 6 1956 ‒ Arcoverde, PE: O
patriarca Luiz Avelino Freire ladeado pelas filhas Auta Aurélia (1ª à direita),
Lia (1ª à esquerda), pelo filho Pedro
Freire e pela nora Luísa Líbia.
FOTO 7 1958
‒ Arcoverde, PE: Lia se recupera de delicada
cirurgia de vesícula, sob os cuidados do competente doutor Jennecy Ramos.
FOTO 8 1965
‒ Caroalina, Sertânia, PE: Lia se
sente orgulhosa ao lado do marido e da primeira neta, na casa construída com
muito sacrifício no vilarejo de Caroalina, para onde se mudaram no primeiro de
janeiro daquele ano.
FOTO 9 1972 ‒ Campina Grande, PB: Lia ao
lado da única filha (Luza), do filho mais novo (Renivaldo) e da primeira neta (Socorro).
FOTO 10 1972 ‒ Campina Grande, PB: Lia ao lado de Luza, Socorro e Renivaldo.
FOTO 11 20/06/1973 ‒ Campina Grande,
PB: Lia realizada com o casamento da
única filha.
FOTO 12 26/01/1974 ‒ Recife, PE: Lia se faz presente ao casamento do
filho mais novo, Renivaldo, e de Cosma.
FOTO 13 26/01/1974
‒ Recife, PE: Lia é toda alegria e
felicidade ao lado de Cosma e de dona Isabel.
FOTO 14 1974
‒ Campina Grande, PB: Lia presente
nos primeiros meses de gravidez de Cosma.
FOTO 15 1974
‒ São Paulo, SP: Lia se tornou andarilha e viajou a São Paulo para
visitar seus queridos. Aqui com Luza, Lula e a pequenina Luciana.
FOTO 16 26/01/1975
‒ Campina Grande, PB: Lia na
comemoração das Bodas de Algodão de Cosma e Renivaldo.
FOTO 17 1985
‒ Campina Grande, PB ‒ Lia eternizada
no neto e nas netas (da esq. p/dir.): Raquel, Joran (sentados), Myrtes, Luciana,
Miriam e Cristiane.
FOTO 18 1990
‒ Primeira Igreja Batista de Beberibe, Recife, PE: Lia entra de braços com o filho mais novo que completava dez anos
de pastorado.
FOTO 19 1970
‒ São Paulo, SP ‒ O autor do texto sobre Lia
chegou a São Paulo em 1965, aos 22 anos de idade, onde se fixou até hoje.
FOTO 20 Data
e local desconhecidos ‒ Lia em mais
um momento encantador de sua trajetória.
FOTO 21 2005
‒ O autor do texto sobre Lia, em
momento de descontração em Caraguatatuba, SP, no apartamento da querida
sobrinha Anilma Freire.
FOTO 22 1962
‒ Arcoverde, PE: Essa saiu do forno agora. Reginaldo, aos 19 anos, aqui está ao
lado de Rocha, colega no Tiro de Guerra 154. Local da foto: Fazenda Experimental.
[i] O título original do artigo foi dado
pelo próprio autor, a saber: “O centenário da nossa mãe”.
[ii]
Quando me veio a ideia de compartilhar o espaço deste Blog com a publicação do
artigo de Regi, eu me perguntei a
razão da inclusão de Algodões no texto, com o nome de “sítio”. Hoje, Algodões é
um vilarejo, ou distrito, pertencente ao município de Sertânia. Para desfazer o
nó, liguei para ele e procurei saber se mãe havia nascido lá, mas ele não soube
responder. A meu ver, ela nasceu na cidade de Sertânia mesmo. Porém, diante
desse registro, fica a dúvida se, de fato, em 1912 Algodões era apenas um sítio
e nossa mãe nasceu lá. Para resolver esse impasse, só uma pesquisa nos
cartórios da região.
[iii]
“Sua escolaridade era praticamente zero”, escreve Regi no seu texto. E isso é verdade. Mesmo com toda essa defasagem
de alfabetização, já na fase madura Lia
conseguiu ler a Bíblia praticamente toda, quando fixou residência em Campina
Grande, com o filho mais novo, e aderiu à Primeira Igreja Batista. No acervo
desse dito filho estão arquivadas uma grande quantidade de cartas escritas por
ela. Pode-se dizer que, pelo esforço pessoal, ela se tornou uma espécie de
autodidata. Ela que tanto lutou para que os filhos e a filha estudassem, não
teve o mesmo privilégio.
[iv] João Nepomuceno Freire
(16.06.1946-17.06.2009, 63), seu querido sobrinho, filho de Daniel Freire,
jamais se esqueceu de uma saborosíssima sopa que tomou na casa de Lia, quando ela residia em Sertânia.