Eliezer, à esquerda, Renivaldo, à direita, em viagem para
visitar mocidades em Gravatá e Patos, juntamente com outros jovens da diretoria
em seu segundo ano de funcionamento.
A JUBAÍBA NASCEU ENTRE LÁGRIMAS
ℛenivaldo
ℛufino
O nascimento da Jubaíba foi dramático e doloroso. Graças à determinação,
coragem e ousadia de um jovem, de início, o projeto avançou e deu resultado
positivo que se estende até hoje. Quase cinquenta anos são passados daqueles dias
memoráveis. Sem esse passado o presente se esvazia, pois este só existe como
continuidade daquele. Isso é história que continua viva em muitas vidas, mesmo
que minimizada em outras. O perigo é que os fatos sejam não apenas esquecidos,
mas distorcidos. Resgatar o máximo que se puder de seu conteúdo, é salutar e
aprazível. Vale a pena pinçar detalhes
curiosos e positivos dessa organização nos seus primórdios. Porém, como tudo que é humano
é propenso a falhas, houve também detalhes negativos e até lamentáveis.
No
princípio era a juventude que surgiu no primeiro momento quando os batistas
deram o ar de sua graça no solo paraibano. Tudo iria mudar quando os jovens
sentissem a necessidade de melhor se organizarem e se unirem como instituição
formal. O anseio não era estranho, pois já pertenciam a uma instituição
igualmente formal, a igreja. Além disso, ao
olharem ao redor e para outras paragens, notavam o surgimento dessa nova
tendência nacional. Era óbvio que não queriam ficar para trás. A chama queimava em cada coração
cheio de sonho e esperança. Então, nada custava tentar fazer de acordo com a
razão ditada pelo coração. E assim foi feito, mas não coletivamente, apesar de
a chama alcançar o coletivo. Foi feito por um coração solitário e ao mesmo
tempo solidário que estava ligado a alguns outros corações.
O
coração solitário e solidário sofreu agruras para dar o primeiro chute a gol na
barra adversária, que nem era tão adversária assim. O jovem queria chutar,
tentava chutar, mas a turma do outro lado lutava para impedir de todas as
maneiras. É que esta tinha uma desconfiança inexplicável naquele. A seu ver, a
preocupação jovem era com coisas fúteis e sem a mínima importância, como futebol,
brincadeiras, política e outras mais do mesmo tipo. Parecia uma guerra entre gerações.
Essas escaramuças o deixavam entristecido e propenso, às vezes, a desistir de
tudo e ficar quieto no seu canto. Refletia que as atividades na igreja já o
ocupavam demasiadamente, pois nem lhe sobrava tempo para afazeres pessoais. Por
outro lado, sentia a chama ardendo no coração como que provocando a fazer mais
em benefício da juventude como um todo.
Certo
dia comparece a uma assembleia convencional estadual e diz do seu desejo. Tem o
privilégio de ser eleito para representar os jovens junto à Junta. Participa
das reuniões com a eloquência do seu silêncio, pois a palavra não lhe é
facultada. O massacre emocional e ainda a urgência do projeto por causa de mais
um encontro da convenção que se aproximava foi muita carga para o jovem. Ele
não teve como suportar a pressão e chorou. Entretanto, as lágrimas que lavaram
seu rosto foram benéficas, pois lavaram também a sua alma. A partir dali, criou
novo ânimo e vontade indômita para enfrentar a situação adversa. Quando lhe foi
dada oportunidade para sair do silêncio, já transcorria a última reunião do
grupo. Ele argumentou destemidamente a favor da necessidade de se começar um
trabalho sério, organizado e com possibilidade de atingir as juventudes locais.
Eles emudeceram diante de sua retórica e desembaraço, mas não deram um passo
sequer a seu favor. Alegaram, apenas, que “não daria mais tempo para levar o
assunto à Assembleia Convencional”. Ocorre que o jovem era destemido, afoito e
cônscio de suas ações. Sua estratégia foi rápida: “Não tem problema. Eu quero
uma oportunidade para falar na assembleia”. Lá não se pôde mais postergar sua
fala e nem frear seu ímpeto. Falou pouco, disse muito e, conforme suas próprias
palavras, “ali foi criada a Juventude Batista da Paraíba. O nome da Juventude
foi decidido ali”.
O
choro que durou mais de uma noite deu lugar à alegria da realização do sonho. O
brilho nos olhos por conta da chama no espírito saiu contagiando a tudo e a
todos. E começou a raiar um novo tempo para a juventude. Houve adesão gradual e
decisiva de igrejas locais, juntamente com pastores e juventudes, desde a
capital até ao alto sertão. Jubaíba começou a ser presença marcante e
obrigatória nas cidades e nas igrejas, a partir da própria juventude que
integrava tais agências. O que era apenas sonho há algum tempo, torna-se
realidade.
Corria
o ano de 1972. Foi nessa mesma época do nascimento da Jubaíba que a PIB Campina
Grande promoveu um acampamento, igualmente solidário, em Pitimbu. Dele
participaram diversas igrejas, como se já fora prenúncio dos próximos encontros
da Jubaíba. Estiveram presentes: Primeira, Liberdade e Congregacional Central,
de Campina Grande, PIB e Evangélica, de João Pessoa, Pilar, Santa Rita, Piancó,
Nova Canaã, Instituto Bíblico de Feira de Santana, Bahia, Seminário de
Educadoras Cristãs, Recife, na pessoa de Natália Débora, “um dos braços fortes
do acampamento, e dez outros jovens não evangélicos”. E no dia 19 de março de
1972, à página 6 d’O Jornal Batista, foi publicada reportagem e fotos do evento
sob o título: “Bênçãos em Pitimbu”; o tema do acampamento: “Jovens à medida de
Cristo”. Falaram, na ocasião: pastores Tomaz Munguba, da PIB João Pessoa, Jessé
Pereira, da IB Nova Canaã e seminarista Betânia Melo, do Seminário Teológico
Batista do Norte do Brasil. Essa aparente digressão tem a finalidade de
relacionar esses fatos que estão intrinsecamente ligados: o nascimento da
Jubaíba e o acampamento da Primeira Igreja de Campina Grande, pois no ano
seguinte, 1973, seria realizado o 1º Acampamento da Jubaíba, em Lagoa Seca. Mas
aí já é outra história, que será publicada depois.
A
ideia da criação da Juventude Batista da Paraíba e da sigla surgiu bem antes, e
agradou em cheio a gregos, troianos e jubaibanos. Jubaíba nasceu para ser grande e brilhar na Paraíba e no Brasil.
Nasceu entre
lágrimas, mas não em território paraibano. A criança se desenvolveu na Paraíba, mas a ideia ocorreu na Igreja
Batista da Capunga, Recife, onde alguns jovens participavam de congresso:
“Jubaíba é a sigla que já nasceu famosa, em pleno I Conordeste, Recife, 1969” (RUFINO, J.R., in Revista Mocidade Batista, 2º
Trimestre 1973, p. 44, 45). Ali começou tudo, inclusive a sigla idealizada em
bom tempo pelo saudoso José Vaz, cunhado de Eliezer Lourenço. Eliezer foi, de
fato e de direito, o fundador. Ele também se
tornaria, mais tarde e com muita justiça, o primeiro presidente da Jubaíba.