Foto 1
‒ Julho de 1974: Parte da Jubaíba no X Congresso da Juventude Batista
Brasileira. Eles,
da direita para a esquerda: Gustavo Faustino, Eli Fernandes, Paulo Faustino, os
irmãos Eliam e Joseli Bastos, e Alan; elas, no mesmo sentido: Creuza Silva, Elisete,
Kátia (quem se lembra do nome da de vestido branco?), Ione (prima de Neide de
Estêvam), Alzicleide Florêncio, Elzeni Fernandes (irmã carnal de Eli) e Nancy.
As meninas, a partir de Kátia, foram identificadas na sexta-feira santa,
02/04/2021, graças à colaboração de Joseli.
A JUBAÍBA NOS CONGRESSOS E CONVENÇÕES [i]
ℛenivaldo
ℛufino
INTRODUÇÃO
Desde o surgimento, em 1972 ‒ e até 1976 ‒, a Juventude Batista da Paraíba
participou de vários congressos e convenções. Quer dizer, inseriu-se
responsavelmente nas atividades da denominação batista da qual era parte
integrante. O primeiro encontro foi em Recife, onde nasceram a ideia e a sigla
da organização. O segundo foi marcado pelas lágrimas de Eliezer, conforme já
publicado neste Blog. O terceiro foi também em Recife, cuja publicação saiu
estampada em três números d’O Jornal Batista [ii]. O quarto foi em Fortaleza,
com publicação no mesmo jornal [iii],
e com uma ocorrência que abalou o conceito que a Jubaíba construíra até então.
O quinto foi novamente em Recife, com publicação no mesmo periódico [iv]. O sexto foi em João Pessoa,
por ocasião de uma reunião da Convenção Batista Paraibana, cujo único registro
que existe, além do primeiro livro de Atas ‒ que ainda não foi localizado ‒,
são fotos que constam do Álbum Histórico da Jubaíba, organizado pelo autor e
que hoje se encontra sob seus cuidados. Finalmente, o sétimo foi em Teresina,
quando o calor quase derrete os
congressistas.
A
maioria desses encontros representava sempre um grande desafio. Parte da
juventude precisava se deslocar da Paraíba para algum outro Estado, a fim de
participar daquilo que eram os colossais ajuntamentos de jovens batistas. E
tudo isso ocorreu em plena ditadura militar que, felizmente, em nada afetou o
brilho desses inesquecíveis momentos. O que fica difícil de explicar, é que parte
da liderança batista estava alinhada com o novo regime, apesar de os batistas
terem a prática da democracia como fundamento.
1. UMA IDEIA LUMINOSA
Primeiro momento:
Recife, PE, 1969, 1º Conordeste.
O 1º Congresso
da Juventude Batista do Nordeste aconteceu na cidade de Recife, em 1969. A
Jubaíba compareceu apenas potencialmente, pois ainda não existia como
organização. Foi ali, em meio à efervescência de tantas e tantos jovens
congregados em um mesmo lugar, que nasceu a ideia. A sigla, que agradou em
cheio, surgiu da iluminada inteligência do colaborador e inesquecível jubaibano,
José Ferreira Vaz (04/10/1938-17/02/1976, 37). Mais tarde, na escolha do
símbolo para representar a organização, ele desfilaria com uma das camisas com
desenho concorrente. Diante do nome que nasceu em Recife e que mais tarde se
tornaria conhecido de outras juventudes estaduais, alguém chegou a fazer uma
brincadeira engraçada e profética, em
linguagem tipicamente nordestina, dizendo que a parte final da sigla da Jubaíba significava “Pra riba”. Zé Vaz, criador da sigla, era
aquele tipo de pessoa com quem a gente se sentia bem. De voz mansa, conversa
agradável, muito simpático e controlado em termos de expressão verbal e de
atitudes, ele era mais de colaborar do que de falar, apesar de sua experiência
como professor. Sendo assim, a Jubaíba nasceu de uma fonte puríssima e mui
capacitada para esse tipo de coisa. Aquilo que era apenas potencial daria os
primeiros passos na direção de se tornar atual. A fecundação e início da gravidez
ocorreu ali, até que a gestação se
completasse com o gesto corajoso e destemido de Eliezer, que chegou até às
lágrimas para que a Jubaíba irrompesse a placenta
e desse o ar de sua graça, mudando completamente o perfil da Juventude Batista
da Paraíba que, como instituição, capengava até aquele momento histórico,
conforme ficou claro no artigo, também publicado neste Blog, Jubaíba nasceu entre lágrimas.
São
poucas as lembranças que restam daqueles dias, e nenhum registro em fotos. O
congresso foi realizado no suntuoso templo da Igreja Batista da Capunga,
localizado no complexo batista que conta, ainda, com o Colégio Americano, o
Seminário Batista e o então Seminário de Educadoras Cristãs. É um local
privilegiado, que fica bem no olho da
cidade de Recife, e que foi adquirido no início dos anos 1900, graças à visão estratégica,
à garra e suporte financeiro de líderes norte-americanos.
Uma
das coisas que guardo com muito carinho, quanto ao 1º Conordeste, é que aquela
foi a primeira vez que vi e ouvi o pastor José Britto Barros, um dos oradores
do congresso, de quem já ouvira referências elogiosas. Quando pregou na Igreja
Batista de Casa Amarela, pastoreada por Merval Rosa, lá fui eu acompanhando
ex-ovelhas suas do primeiro pastorado em Campina Grande. Lembro-me, ainda, das ovelhas que participaram do culto na
manhã daquele domingo: Ritinha, Maria José, Marly, Joabe e Sônia, pessoas
integradas nas atividades da igreja local.
2. LÁGRIMAS QUE
SÃO COMO SEMENTES
Segundo momento:
a
Convenção Estadual e o choro de Eliezer.
Talvez
Eliezer nem tenha sido presença solitária na convenção estadual que dificultou
o sonho de levar avante o nome da ainda inexistente Jubaíba. Certamente havia outros
jovens, inclusive um e outro pastor que apoiava o movimento. Bem que ele
merecia uma presença solidária, que lhe desse apoio, que lhe desse a mão
naquele momento de impasse diante do seu desafio lançado à liderança da
denominação, cuja intenção era apenas criar uma organização que fosse representativa
da juventude, depois de mais de cinquenta anos de presença dos batistas na
Paraíba. Foi seu destemor, determinação e argumentação que atingiram o alvo e
conseguiram o que parecia impossível naquele momento. Esse tipo de teimosia e
resistência sempre ultrapassam obstáculos, por maiores que sejam. Parece até,
inclusive, que a organização herdou essa marca característica do seu fundador.
E o choro se transformou em imensa alegria, que inundou todos os corações com a
auspiciosa legitimação há tanto tempo esperada. Se alguém saiu vitorioso
daquela assembleia convencional, esse alguém foi Eliezer Lourenço da Silva,
numa vitória que se estenderia aos demais que o apoiaram até aquela ocasião e,
finalmente, à própria juventude espalhada pelas igrejas batistas da Paraíba.
3. UM NOVATO E
POUCOS JUBAIBANOS NA CBB
Terceiro momento:
Recife,
PE, CBB, de 24 a 31 de janeiro de 1973.
Por
ocasião da 55ª Assembleia da Convenção Batista Brasileira, que ocorreu em Recife,
José Ednaldo Cavalcanti já pastoreava a Primeira Igreja Batista de Campina
Grande. Uma vez que era oriundo do Rio de Janeiro, tinha livre trânsito entre a
liderança batista brasileira, sendo inclusive amigo de Reis Pereira, Diretor
d’O Jornal Batista, a quem convidou para pregar em Campina Grande no domingo. A
longa viagem, de 253 km, em nada desanimou a caravana que acompanhou o pregador
ao Planalto da Borborema. Foi um domingo diferente, ouvindo José dos Reis
Pereira, um dos grandes baluartes dos batistas brasileiros. Retornamos na
segunda-feira de manhã, para marcar presença nos trabalhos convencionais que
teriam continuidade até a quarta-feira 31 de janeiro de 1973.
A
Jubaíba já existia, porém não esteve representada naquela ocasião por uma
caravana. Alguns componentes estiveram presentes, inclusive o autor destas
notas e o então presidente. O artigo sobre o encontro, intitulado Anotações convencionais de um novato,
foi aceito e publicado pelo jornal durante três semanas seguidas. Eliezer
esteve presente, já como primeiro presidente. Existe menção a ele em relação a
Uirassú Tupinambá, responsável por uma das juntas da convenção. Até o último
dia, pelo menos um jubaibano estava registrando praticamente tudo daquele
encontro máximo dos batistas brasileiros, inclusive alguns detalhes curiosos,
como foi o caso da oração do reitor do Seminário, David Mein, conhecido como doutor em brevidade [v]. Qualquer outra pessoa teria
feito uma longa oração, mas a dele, logo na abertura dos trabalhos
convencionais, foi a mais sucinta possível, com apenas uma frase, e do tamanho
de um grão de mostarda: “Senhor, abençoa os trabalhos convencionais, em nome de
Jesus, amém”. O autor do artigo se preocupou com a convenção como um todo, por
isso não há detalhes sobre a juventude.
4. ABALO SÍSMICO
NO CONCEITO DA JUBAÍBA
Quarto momento:
Fortaleza,
CE, 1973, 2º Conordeste.
Nesse
quarto momento, que foi a participação no 2º Congresso da Juventude Batista do
Nordeste, em Fortaleza, CE, Jeová e sua equipe colaboraram novamente e
confeccionaram a imensa faixa que tinha praticamente a extensão do ônibus e que
foi afixada na lateral do veículo. E, ainda mais, confeccionaram camisas,
cartazes e demais apetrechos necessários à consecução dos objetivos traçados
com a devida antecedência. Tudo aquilo mexia muito com todos, pois era uma
aventura que deixava todo mundo realizado e feliz. A própria juventude se
mexendo por conta própria e conseguindo sair ilesa desses compromissos e de
viagens tão longas. E tem mais: tudo organizado, administrado e financiado pela
Jubaíba.
A
aventura da ida ao 2º Conordeste gerou muita expectativa, pois jovens de todas
as partes da Paraíba se aventuraram numa viagem noturna desde João Pessoa e até
a sede do congresso, na capital alencarina, enfrentando
A
caravana ia bem protegida por um anjo da
guarda: o pastor José Ednaldo Cavalcanti, novato no volante, ia à frente do
ônibus dirigindo o seu Vokswagen Variant TL, zero quilômetro. Assim fez na ida
e na volta, demonstrando extrema dedicação à causa da juventude. E lá em
Fortaleza, o presidente Eliezer contou com a significativa ajuda dele e dos demais
membros da diretoria que estiveram presentes ao encontro.
Ademar
Paegle foi o destaque, com mensagens que tocaram profunda e significativamente o
coração da juventude. A maioria ainda não o conhecia, uma vez que na época ele
pastoreava em Fortaleza. Só depois de algum tempo se mudou para Recife, a fim
de pastorear a Igreja Batista de Casa Amarela e ensinar no Seminário.
As Anotações congressistas de um jubaibano,
que O Jornal Batista publicou em seus números de 02 e 09/09/1973, apresentam
detalhes daquele momento histórico. Porém, por uma questão ética, não apresenta
o que de mais dramático aconteceu com a caravana da Jubaíba. O que ocorreu foi
o seguinte. Exercendo de sua liberdade, alguns rapazes e algumas moças
esticavam os serões das reuniões noturnas, só que pelas ruas de Fortaleza, num
turismo fora de hora para os rígidos critérios organizacionais do congresso. A
moral batista da época não deixava por menos, pois chegava até a uma espécie de
fiscalização aos infratores, como era comum acontecer em algumas igrejas que
designavam diáconos para ficarem a postos nas portas dos cinemas, a fim de
descobrir quais membros insistiam em assistir filmes e se divertir
inocentemente no escurinho da sala de projeções. As saídas noturnas, em
Fortaleza, abalaram muito o conceito construído pela Jubaíba até então.
Porém,
o que se tornou uma verdadeira pedra no sapato do presidente e dos demais
membros da diretoria, foi outro tipo de liberdade exercida pela juventude da
Paraíba, e provavelmente por outras caravanas também, que só se efetivou quando
o congresso terminou. O fato inusitado, e até engraçado, é que alguns
travesseiros dos aposentos onde os congressistas dormiam ficaram de tal maneira
apegados aos seus usuários, que resolveram se mudar do Ceará para a Paraíba. E
viajaram silenciosamente no ônibus. Foi aí que o bicho pegou. Quando as coisas
pareciam ir às mil maravilhas para a Jubaíba, começaram a chegar cartas de
Fortaleza com a dura exigência de que os travesseiros travessos fossem
devolvidos ao seu habitat natural. E
agora, o que fazer? Onde localizar o precioso
material? E começou a chuva de cartas entre o presidente e o vice-presidente da
Jubaíba, para tentar resolver o impasse. Depois dessas escaramuças, o conceito
da Jubaíba ficou bastante abalado. E a tentativa de solução, também drástica,
só ocorreria no ano seguinte, nos preparativos para o décimo congresso da
Juventude Batista Brasileira, em Recife.
5. UMA JUBAÍBA DIMINUTA
NUM CONGRESSO COLOSSAL
Quinto momento:
Recife,
1974, 10º Congresso Nacional
Ao congresso colossal, cuja abertura
ocorreria em 15/07/1974, em Recife, poderia ter comparecido uma caravana
igualmente colossal da Jubaíba, inclusive por conta da distância entre estados
vizinhos. Mas não foi isso que ocorreu, justamente por conta do saldo negativo das peripécias em
Fortaleza. Estados bem mais distantes mandaram grandes caravanas. A Juventude
Batista da Paraíba compareceu ao décimo congresso com uma pequena caravana de
apenas vinte e um jovens. Era uma situação inexplicável e até vexatória. Tudo
isso como uma tentativa de que não ocorresse em Recife o que ocorrera em
Fortaleza. Foi difícil tomar tal decisão, mas a diretoria topou arcar com a
responsabilidade. E escolheu a dedo
os vinte e um nomes que participariam do Décimo Congresso Nacional, incluindo membros
da diretoria.
O colossal do congresso se deu por conta
de sua magnitude como encontro de jovens batistas de todo o território
brasileiro. Caravanas se deslocaram do Amazonas até ao Rio Grande do Sul, em
direção à capital pernambucana. E no artigo escrito e publicado n’O Jornal
Batista de
O
pequeno grupo da Jubaíba se fez representar pelo seu eterno conselheiro Tomaz
Munguba, que levou o grupo musical Mensageiros de Cristo a tiracolo. O grupo
brilhou tanto quanto o seu pastor. A certa altura do congresso, Eli Fernandes e
o autor destas notas comandaram o cântico de Pai, eu te adoro, em três
cânones, para jovens que lotavam as amplas dependências do santuário da Igreja
Batista da Capunga. Foi um verdadeiro deleite para a alma. A Jubaíba também
cumpriu todas as tarefas que lhe foram delegadas pela direção do congresso,
inclusive um culto relâmpago na Praça Sérgio Loreto, onde também se apresentaram
os Mensageiros de Cristo; além disso, uma visita ao comandante do IV Exército,
que recebeu uma Bíblia de presente das mãos de Tomaz. Outra boa participação
foi a de Elzeni Fernandes no concurso promovido pela Imprensa Bíblica Brasileira.
A garota se esforçou ao máximo, e entre tanta concorrência o vencedor foi o
pernambucano Marconi Monteiro, de inteligência privilegiada.
Ao
apagar das luzes do encontro em Recife, ocorreu algo inesperado. Era o momento
da escolha do presidente para o Décimo Primeiro Congresso. Os jovens iam à
frente para indicar os nomes, e sempre apelavam ao título acadêmico do
candidato. Foi aí que um jovem jubaibano apresentou o nome de Tomaz Munguba,
quebrando assim a hegemonia das candidaturas. O vencedor não foi ele, mas
também não foi quem fez uma acirrada campanha com tal propósito.
6. O VALOR DAS
PEQUENAS COISAS
Sexto momento:
João Pessoa, PB, 1974, Convenção Batista Estadual.
A
presença da Jubaíba na Convenção Batista Estadual, em João Pessoa, 01 a
03/11/1974, está registrada em fotos do velho álbum organizado pelo próprio
autor e que foi encontrado e salvo do lixo por Linaldo Guerra. Segundo afirmou,
a pessoa acionada por ele teria tentado se justificar dizendo que não havia
necessidade de guardar coisas antigas. Em outras palavras, o lugar de coisas
antigas é o lixo. Nem dá para imaginar como seria nosso mundo, se essa fosse a
mentalidade reinante. Ainda bem que essa não é a prática de jubaibanas e
jubaibanos, que sempre souberam preservar a importante história e a memória contida
nessas relíquias. Sendo assim, se não
fora esse álbum, hoje em posse do autor, nenhum registro haveria da
participação da Jubaíba naquela convenção estadual.
E é
justamente esse antigo álbum que nos fornece detalhes mínimos do que foi a
participação da Jubaíba naquele momento histórico da 50ª Assembleia da CBP,
Convenção Batista Paraibana. As fotos são em número de quatro, mas apenas uma
delas aparece na galeria abaixo. As outras três são uma vista panorâmica da
assistência no santuário da Primeira Igreja Batista de João Pessoa onde a
convenção foi realizada, a segunda é do veterano pastor Zacarias de Barros
ladeado por Tomaz, Paulo Faustino e Eliam Bastos, enquanto apaga as velas do
bolo comemorativo do cinquentenário, e a última é de “Eliam, 2º
Vice-Presidente”, encantando as pessoas presentes com “sua voz e violão
consagrados ao Senhor”. E o último destaque é este: “Lá estava, também, a
Jubaíba, realizando a sua 2ª Assembleia Ordinária, no primeiro dia da
convenção, nos horários da manhã e da noite, a qual se revestiu de pleno
sucesso”.
7. UMA LONGA
VIAGEM
Sétimo momento:
Teresina,
PI, 1976, 3º Conordeste.
Com
muita coragem, determinação e ousadia, a caravana da Jubaíba lotou um ônibus e
percorreu 1.024 km de Campina Grande, PB, a Teresina, PI, para participar do 3º
Congresso da Juventude Batista do Nordeste, de 21 a 24/07/1976. O autor ainda
datilografou um texto para tentar publicar n’O Jornal Batista, mas terminou
desistindo de mandar, até mesmo pela falta de tempo, pois na época já estava no
seminário, envolvido com igreja, trabalho e estudos. Os “Desafios do 3º
Con-Nordeste” ficaram arquivados como mera lembrança, mas agora foram
consultados para a composição do presente artigo.
A
viagem foi um grande desafio, e não apenas por causa da distância. Foi uma
aventura cheia de percalços, pois o ônibus rodou bastante até chegar a um lugar
apropriado para uma rápida refeição. O pequeno restaurante ficava à beira da
estrada. As opções eram mínimas. A limpeza do local não era a mais recomendável.
Mesmo assim, alguém da caravana resolveu sentar para tentar pedir alguma coisa.
Notou, entretanto, que era melhor continuar, pois aquilo ali era totalmente
inadequado. Levantou-se sem pedir nada. Quando a caravana fez menção de sair, o
dono disse que era preciso pagar uma taxa, pois alguém sentara em uma das
cadeiras. Joran Correa Costa protestou e a caravana saiu sem se alimentar e sem
pagar, claro. Mas o lugar era muito inóspito, mal cuidado e com um péssimo
atendimento.
Ao
chegar a Teresina, a caravana inteira sentiu o impacto da altíssima temperatura.
A cidade é tão quente, que até durante a madrugada os ventiladores não venciam o
calor reinante nos dormitórios. A Primeira Igreja Batista de Teresina,
pastoreada na época por Júlio Borges, recebeu a todos com muita atenção,
simpatia e carinho. Após a abertura do congresso, à noite, procuramos um lugar
para nos alimentar e não encontramos. Mas o presidente da Juventude Batista do
Piauí acompanhou a caravana da Jubaíba a um lugar afastado do centro da cidade,
onde finalmente a turma se alimentou.
Vamos,
agora, a alguns destaques das anotações feitas na época. “Sob o calor
escaldante de Teresina, Piauí, realizou-se o 3º Congresso da Juventude Batista
do Nordeste, de 21 (à noite) a 24 de julho de 1976. A caravana da Jubaíba
partiu de Campina Grande às 17h30 do dia 20, com 41 congressistas, e às
primeiras horas do dia 21 pisava em solo piauiense”. Estiveram presentes ao
evento oito juventudes estaduais: Jubace (CE), Jubaíba (PB), Jubal (AL), Jubama
(MA), Jubape (PE), Jubapi (PI), Jubarn (RN) e Jubase (SE).
Foram
muitos os desafios enfrentados pela direção do congresso. O maior deles talvez
tenha sido a hospedagem de tanta gente. O jovem Francisco Rodrigues de Araújo,
presidente da Jubapi, deu tudo de si para que as caravanas nada sofressem. Só mesmo
uma juventude corajosa convidaria um congresso para Teresina que, segundo um
observador, “é a capital do Estado mais pobre do Nordeste”. Os preços lá são
pelo menos cinquenta por cento mais altos do que os de Recife, por exemplo. Apenas
duas coisas tinham preços competitivos: corrida de táxi e Coca-Cola. Hospedar
tanta gente numa situação dessas merece elogios. Inicialmente, as refeições
deveriam ser servidas no Centro de Educação Religiosa, propriedade dos batistas
aberta exclusivamente para receber os congressistas. Mesmo assim, houve
problemas e a direção do congresso se viu em apuros. Algumas pessoas partiam
para lanchonetes, enfrentando exorbitantes preços, e outros permaneciam
dependendo do destino a ser dado à caravana. O próprio presidente da Jubapi
conseguiu pelo menos mais duas refeições, para jubaibanos e jubaibanas, no Quartel
da Polícia Militar do Piauí, que recebeu a caravana de maneira admirável. Na última
sessão do congresso foi proposto um “voto de agradecimento” ao comando da Polícia,
que recebeu a Jubaíba tão gentilmente.
Outro
grande desafio do congresso em Teresina foi o conteúdo apresentado nas
mensagens de Tarsis Wallace Lemos, da Igreja Batista da Graça, Salvador, BA,
formado recentemente pelo Seminário Batista de Recife. Além de poeta é também
compositor. O Hinário do Congressista trazia algumas músicas de sua autoria. Bastante
jovem e comunicativo, conseguiu marcar com suas mensagens em linguagem erudita
e terminologia moderna. Todas as suas mensagens foram portadoras de grandes
desafios à juventude batista ali presente. O saldo que deixou foi
consideravelmente positivo.
Como não
poderia deixar de ser, houve também o desafio de três cursinhos apresentados
durante o encontro: sobre a vida cristã, a vida universitária e a vida a dois. Os
preletores convidados foram: Ademar Paegle, José Florêncio Rodrigues Júnior e Roldão
Arruda, este, capelão do Colégio Batista de Fortaleza.
O desafio
do folclore trouxe algumas complicações, justamente por conta do espírito
proselitista reinante em alguns congressistas. A apresentação foi no Teatro de Arena,
um belo espaço ao ar-livre, na noite do dia 23. O espetáculo colorido prendeu a
atenção de muitos e causou profundo impacto em outros, chegando alguns a denominar
o encontro de “festa do diabo”. E parece que até hoje a coisa não mudou muito,
pois “lá e cá, más fadas há”.
O último
desafio do 3º Congresso da Juventude Batista do Nordeste foi o vocacional. Para
a Noite das Vocações foi convidado, além do orador oficial, Ademar Paegle, o Reitor
da Universidade Federal do Piauí que, embevecido pelo cântico e vibração dos
congressistas, afirmou logo no início de suas palavras: “As pessoas que cantam
são pessoas que amam”. Para ele, “a juventude é o melhor capital que o Brasil
possui”.
CONCLUSÃO
São
desses primeiros quatro anos da Jubaíba que tratarão esses artigos. No caso do
atual, foi necessário juntar todos esses relatos em um só, pois de certa
maneira estão sob uma mesma temática. O que se vê é que, mesmo passando por
momentos mais difíceis e desafiadores, a Juventude Batista da Paraíba soube se
desvencilhar com muita sabedoria de todos os seus compromissos oficiais e
sempre foi agente de inspiração para moças e rapazes, e até adultos e crianças.
Além disso, sempre contou com a participação responsável de cada pessoa
envolvida com seus ousados projetos. Aqueles quatro primeiros anos ainda são, e
continuarão sendo, motivo de orgulho para tantas testemunhas vivas do que
aconteceu de positivo e revolucionário em solo paraibano e bem além das
fronteiras da Paraíba. A Jubaíba marcou vidas, estabeleceu marcos e continua
vitoriosa até os dias atuais. Isso é motivo de orgulho para muitas gerações.
Fortaleza, CE, 18 a 22 de julho de 1973: II Conordeste, Congresso da
Juventude Batista do Nordeste.
__________
FOTO 2 ‒ A JUBAÍBA EM FORTALEZA
O potente ônibus
sai lotado de João Pessoa com destino ao 2º Conordeste em Fortaleza.
__________
Identifique jubaibanos e jubaibanas nesta
foto histórica. É uma tarefa que deixo a cargo de leitoras e leitores que
viveram aqueles inesquecíveis momentos.
__________
FOTO 5 ‒ A JUBAÍBA EM FORTALEZA
Na foto, da esquerda para a direita: João Lemos, Renivaldo Rufino e Eli Fernandes. Soube, através de Betânia, a lamentável notícia de que João já não está mais conosco, vítima que foi de complicações cardíacas e renais. João Lemos Pessoa Filho (31/07/1950-15/08/2020, 70).
FOTO 5a ‒ A JUBAÍBA EM FORTALEZA
FOTO 6 ‒ A JUBAÍBA EM FORTALEZA
Valdir Lucena e
Renivaldo fazem de conta que têm domínio instrumental.
__________
FOTO 7 ‒ A JUBAÍBA EM FORTALEZA
Eliezer tenta apaziguar a tensa
situação gerada por alguns componentes da Jubaíba durante o 2º Conordeste, em
Fortaleza.
__________
Recife, PE, 15 a 20/07/1974: 10º Congresso Nacional da Juventude Batista Brasileira.
__________
FOTO 8 ‒ A JUBAÍBA NO DÉCIMO CONGRESSO
Elzeni, “a candidata jubaibana (irmã carnal de Eli
Fernandes) orou, estudou, se concentrou, se comportou, chorou, mas não passou
no show promovido pela Imprensa Bíblica Brasileira, constando de perguntas as
mais variadas sobre a Bíblia. Marconi Monteiro, de Pernambuco, foi o vencedor
da primeira à última noite”.
__________
FOTO 9 ‒ A JUBAÍBA NO DÉCIMO CONGRESSO
A Jubaíba entrega Bíblia ao comandante
do IV Exército. Eram vinte e um, inclusive com o grupo musical da
Primeira Igreja Batista de João Pessoa. Essa foi uma das tarefas cumpridas a contento.
__________
FOTO 10 ‒ A JUBAÍBA NO DÉCIMO CONGRESSO
“Nesta fotografia (que parece oficial), aparece gente da
Paraíba, do Amazonas, de São Paulo, de Brasília, de Goiás e da Bahia (pastor
Valdívio de Oliveira Coelho, um dos preletores do Décimo Congresso)”. Lembre-se
de identificar jubaibanas e jubaibanos e registrar quando fizer o comentário no
Blog.
__________
FOTO 11 ‒ A JUBAÍBA NO DÉCIMO CONGRESSO
Anotação no álbum de fotografias da Jubaíba ‒ “Em um dos intervalos do Décimo Congresso, uma pausa para a fotografia histórica: Paraíba, São Paulo (Davi, o moreno [ao lado de Renivaldo], presidente da JUBESP e também eleito para a diretoria do XI Congresso, e a jovem de óculos), Bahia (Hélio Lourenço, o baiano‒jubaibano) e Goiás (as duas vestidas de amarelo)”. Identifique as demais pessoas e registre quando fizer seu comentário no Blog.
__________
FOTO 12 ‒ A JUBAÍBA NO DÉCIMO CONGRESSO
15 a 20/07/1974: Jubaibanas e jubaibanos prestam toda
atenção à palavra de Djalma Torres, que falou sobre o conceito do novo no Novo
Testamento.
__________
FOTO 13 ‒ A JUBAÍBA NO DÉCIMO CONGRESSO
O conjunto musical Mensageiros de Cristo se apresenta na
Igreja Batista da Capunga em um dos dias do Décimo Congresso da Juventude Batista
Brasileira.
__________
João Pessoa, PB, 01 a 03/11/1974: CONVENÇÃO BATISTA
PARAIBANA
__________
FOTO 14 ‒ A JUBAÍBA NA CONVENÇÃO BATISTA PARAIBANA
Da esquerda para a direita: Billy Fallaw, “amigo da
Jubaíba”, Tomaz Munguba, que nessa ocasião era o conselheiro, Francisco Luiz de
França, Baruch da Silva Bento, que foi o conselheiro durante o primeiro biênio,
e Cornélio Avelino.
__________
Teresina, PI: 21 a 24/07/1976, 3º Congresso da Juventude
Batista do Nordeste
__________
FOTO 15 ‒ A JUBAÍBA EM TERESINA
Esta é a única foto salva do congresso de Teresina.
__________
[i] Conferir diversas publicações sobre este
e outros assuntos ‒ RUFINO, J. R.: (1)
”Grandes pregadores e sua pregação”: análise do trabalho homilético do pastor
José Britto Barros. João Pessoa: Gráfica e Editora Diplomata, 1995. 139 p.
s/ISBN. (2) “Bênçãos em
Pitimbu”. O Jornal Batista. Rio de Janeiro: JUERP, 19/03/1972. p. 6. (3) “Cinquentenário da Primeira
Igreja Batista de Campina Grande”. O Jornal Batista. Rio de Janeiro: JUERP,
25/06/1972. p. 3 e 9. (4)
“Anotações convencionais de um novato”.
O Jornal Batista. Rio de Janeiro: JUERP, 11/03/1973. I. p. 5. (5) “Anotações convencionais de
um novato”. O Jornal Batista. Rio de
Janeiro: JUERP, 18/03/1973. II. p. 4. (6)
“Anotações convencionais de um novato”.
O Jornal Batista. Rio de Janeiro: JUERP, 18/03/1973. III. p. 10 e 11. (7) “Jubaíba tem símbolo”.
Revista Mocidade Batista. Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista, 2T73. p. 44
e 45. (8). (9) “Com Cristo tudo mudou”. O
Jornal Batista. Rio de Janeiro: JUERP, 29/04/1973. p. 6. (10) “Anotações congressistas de um jubaibano”. O Jornal
Batista. Rio de Janeiro: JUERP, 02/09/1973. I. p. 6. (11) “Anotações congressistas de um jubaibano”. O Jornal
Batista. Rio de Janeiro: JUERP, 02/09/1973. II. p. 6. (12) “As lágrimas da santificação”. O Jornal Batista. Rio de
Janeiro: JUERP, 07/04/1974. p. 6. (13)
“Um congresso colossal”. O Jornal Batista. Rio de Janeiro: JUERP, 29/09/1974.
p. 9 e 11. (14) “Jubaíba tem
nova liderança”. Revista Mocidade Batista. Rio de Janeiro: Casa Publicadora
Batista, 4T74. p. 39. (15)
“Vocacionados 75”. O Jornal Batista. Rio de Janeiro: JUERP, 21/12/1975. p. 5. (16) “A Jubaíba tem novo
presidente”. Revista Mocidade Batista. Rio de Janeiro: Casa Publicadora
Batista, 1T76. p. 8. (17) “Sê
tu uma bênção, Jubaíba”. O Jornal Batista. Rio de Janeiro: JUERP, 11/04/1976.
p. 10 e 8. (18) “Dinheiro
sagrado”. O Jornal Batista. Rio de Janeiro: JUERP, 06/12/1987. p. 2. (19) “Bill Fallaw”: um pastor
inesquecível. O Jornal Batista. Rio de Janeiro: JUERP, 08/07/1990. p. 8. (20) “Primeira de Beberibe
organiza mais uma igreja”: cinco jovens e um sonho. O Jornal Batista. Rio de
Janeiro: JUERP, 28/04/1991. p. 6. (21)
“O voo da águia”. O Jornal Batista. Rio de Janeiro: JUERP, 07/02/1993. p. 11. (22) “U’a multidão de joelhos”. O
Jornal Batista. Rio de Janeiro: JUERP, 12/03/1995. p. 7. (23) “Perfil de duas igrejas batistas crescentes”: Primeira
Igreja Batista e Igreja Evangélica Batista de João Pessoa. Recife: Seminário
Teológico Batista do Norte do Brasil, 1997. Monografia de mestrado em teologia
inédita. (24) “Primeira
Igreja Batista de João Pessoa”: crescimento, teatralidade ou fantasia? Recife:
Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil, 1999. Dissertação de mestrado
em teologia inédita. 390 p. (25)
“Fundamentação epistemológica do conhecimento em O livre arbítrio de santo Agostinho”. Recife: Universidade Católica
de Pernambuco, 2000. Monografia de bacharelado em filosofia inédita. 119 p. (26) “Passado, presente e
futuro”: o tempo da consciência e a consciência do tempo no pensamento de santo
Agostinho. Recife: Universidade Federal de Pernambuco, 2003. Dissertação de
mestrado em filosofia inédita. 179 p. (27)
“Relevância filosófica das pequenas coisas”: a infância no livro I das Confissões de Agostinho de Hipona. São
Paulo: Universidade de São Paulo, 2011. Tese de doutoramento inédita. 280 p.
[ii] Conferir: RUFINO, J. R. (1) “Anotações convencionais de
um novato”. O Jornal Batista. Rio de
Janeiro: JUERP, 11/03/1973. I. p. 5. (2)
“Anotações convencionais de um novato”.
O Jornal Batista. Rio de Janeiro: JUERP, 18/03/1973. II. p. 4. (3) “Anotações convencionais de
um novato”. O Jornal Batista. Rio de
Janeiro: JUERP, 18/03/1973. III. p. 10 e 11.
[iii] Conferir: RUFINO, J. R. (1) “Anotações congressistas de
um jubaibano”. O Jornal Batista. Rio de Janeiro: JUERP, 02/09/1973. I. p. 6. (2) “Anotações congressistas de
um jubaibano”. O Jornal Batista. Rio de Janeiro: JUERP, 02/09/1973. II. p. 6.
[iv] Conferir: RUFINO, J. R. “Um congresso
colossal”. O Jornal Batista. Rio de Janeiro: JUERP, 29/09/1974. p. 9 e 11.
[v] Os
sermões do dr David Mein jamais ultrapassavam os vinte minutos. Eram pequenos
e, ao mesmo tempo, grandes em conteúdo.