domingo, 6 de junho de 2021

A JUBAÍBA NOS CONGRESSOS E CONVENÇÕES

 


Foto 1 ‒ Julho de 1974: Parte da Jubaíba no X Congresso da Juventude Batista Brasileira. Eles, da direita para a esquerda: Gustavo Faustino, Eli Fernandes, Paulo Faustino, os irmãos Eliam e Joseli Bastos, e Alan; elas, no mesmo sentido: Creuza Silva, Elisete, Kátia (quem se lembra do nome da de vestido branco?), Ione (prima de Neide de Estêvam), Alzicleide Florêncio, Elzeni Fernandes (irmã carnal de Eli) e Nancy. As meninas, a partir de Kátia, foram identificadas na sexta-feira santa, 02/04/2021, graças à colaboração de Joseli.

 

 

A JUBAÍBA NOS CONGRESSOS E CONVENÇÕES [i]

enivaldo ufino

INTRODUÇÃO

Desde o surgimento, em 1972 ‒ e até 1976 ‒, a Juventude Batista da Paraíba participou de vários congressos e convenções. Quer dizer, inseriu-se responsavelmente nas atividades da denominação batista da qual era parte integrante. O primeiro encontro foi em Recife, onde nasceram a ideia e a sigla da organização. O segundo foi marcado pelas lágrimas de Eliezer, conforme já publicado neste Blog. O terceiro foi também em Recife, cuja publicação saiu estampada em três números d’O Jornal Batista [ii]. O quarto foi em Fortaleza, com publicação no mesmo jornal [iii], e com uma ocorrência que abalou o conceito que a Jubaíba construíra até então. O quinto foi novamente em Recife, com publicação no mesmo periódico [iv]. O sexto foi em João Pessoa, por ocasião de uma reunião da Convenção Batista Paraibana, cujo único registro que existe, além do primeiro livro de Atas ‒ que ainda não foi localizado ‒, são fotos que constam do Álbum Histórico da Jubaíba, organizado pelo autor e que hoje se encontra sob seus cuidados. Finalmente, o sétimo foi em Teresina, quando o calor quase derrete os congressistas.

A maioria desses encontros representava sempre um grande desafio. Parte da juventude precisava se deslocar da Paraíba para algum outro Estado, a fim de participar daquilo que eram os colossais ajuntamentos de jovens batistas. E tudo isso ocorreu em plena ditadura militar que, felizmente, em nada afetou o brilho desses inesquecíveis momentos. O que fica difícil de explicar, é que parte da liderança batista estava alinhada com o novo regime, apesar de os batistas terem a prática da democracia como fundamento. 

1. UMA IDEIA LUMINOSA

Primeiro momento

Recife, PE, 1969, 1º Conordeste.

O 1º Congresso da Juventude Batista do Nordeste aconteceu na cidade de Recife, em 1969. A Jubaíba compareceu apenas potencialmente, pois ainda não existia como organização. Foi ali, em meio à efervescência de tantas e tantos jovens congregados em um mesmo lugar, que nasceu a ideia. A sigla, que agradou em cheio, surgiu da iluminada inteligência do colaborador e inesquecível jubaibano, José Ferreira Vaz (04/10/1938-17/02/1976, 37). Mais tarde, na escolha do símbolo para representar a organização, ele desfilaria com uma das camisas com desenho concorrente. Diante do nome que nasceu em Recife e que mais tarde se tornaria conhecido de outras juventudes estaduais, alguém chegou a fazer uma brincadeira engraçada e profética, em linguagem tipicamente nordestina, dizendo que a parte final da sigla da Jubaíba significava “Pra riba”. Zé Vaz, criador da sigla, era aquele tipo de pessoa com quem a gente se sentia bem. De voz mansa, conversa agradável, muito simpático e controlado em termos de expressão verbal e de atitudes, ele era mais de colaborar do que de falar, apesar de sua experiência como professor. Sendo assim, a Jubaíba nasceu de uma fonte puríssima e mui capacitada para esse tipo de coisa. Aquilo que era apenas potencial daria os primeiros passos na direção de se tornar atual. A fecundação e início da gravidez ocorreu ali, até que a gestação se completasse com o gesto corajoso e destemido de Eliezer, que chegou até às lágrimas para que a Jubaíba irrompesse a placenta e desse o ar de sua graça, mudando completamente o perfil da Juventude Batista da Paraíba que, como instituição, capengava até aquele momento histórico, conforme ficou claro no artigo, também publicado neste Blog, Jubaíba nasceu entre lágrimas.

São poucas as lembranças que restam daqueles dias, e nenhum registro em fotos. O congresso foi realizado no suntuoso templo da Igreja Batista da Capunga, localizado no complexo batista que conta, ainda, com o Colégio Americano, o Seminário Batista e o então Seminário de Educadoras Cristãs. É um local privilegiado, que fica bem no olho da cidade de Recife, e que foi adquirido no início dos anos 1900, graças à visão estratégica, à garra e suporte financeiro de líderes norte-americanos.

Uma das coisas que guardo com muito carinho, quanto ao 1º Conordeste, é que aquela foi a primeira vez que vi e ouvi o pastor José Britto Barros, um dos oradores do congresso, de quem já ouvira referências elogiosas. Quando pregou na Igreja Batista de Casa Amarela, pastoreada por Merval Rosa, lá fui eu acompanhando ex-ovelhas suas do primeiro pastorado em Campina Grande. Lembro-me, ainda, das ovelhas que participaram do culto na manhã daquele domingo: Ritinha, Maria José, Marly, Joabe e Sônia, pessoas integradas nas atividades da igreja local.  

2. LÁGRIMAS QUE SÃO COMO SEMENTES

Segundo momento

a Convenção Estadual e o choro de Eliezer.

Talvez Eliezer nem tenha sido presença solitária na convenção estadual que dificultou o sonho de levar avante o nome da ainda inexistente Jubaíba. Certamente havia outros jovens, inclusive um e outro pastor que apoiava o movimento. Bem que ele merecia uma presença solidária, que lhe desse apoio, que lhe desse a mão naquele momento de impasse diante do seu desafio lançado à liderança da denominação, cuja intenção era apenas criar uma organização que fosse representativa da juventude, depois de mais de cinquenta anos de presença dos batistas na Paraíba. Foi seu destemor, determinação e argumentação que atingiram o alvo e conseguiram o que parecia impossível naquele momento. Esse tipo de teimosia e resistência sempre ultrapassam obstáculos, por maiores que sejam. Parece até, inclusive, que a organização herdou essa marca característica do seu fundador. E o choro se transformou em imensa alegria, que inundou todos os corações com a auspiciosa legitimação há tanto tempo esperada. Se alguém saiu vitorioso daquela assembleia convencional, esse alguém foi Eliezer Lourenço da Silva, numa vitória que se estenderia aos demais que o apoiaram até aquela ocasião e, finalmente, à própria juventude espalhada pelas igrejas batistas da Paraíba.

3. UM NOVATO E POUCOS JUBAIBANOS NA CBB

Terceiro momento

Recife, PE, CBB, de 24 a 31 de janeiro de 1973.

Por ocasião da 55ª Assembleia da Convenção Batista Brasileira, que ocorreu em Recife, José Ednaldo Cavalcanti já pastoreava a Primeira Igreja Batista de Campina Grande. Uma vez que era oriundo do Rio de Janeiro, tinha livre trânsito entre a liderança batista brasileira, sendo inclusive amigo de Reis Pereira, Diretor d’O Jornal Batista, a quem convidou para pregar em Campina Grande no domingo. A longa viagem, de 253 km, em nada desanimou a caravana que acompanhou o pregador ao Planalto da Borborema. Foi um domingo diferente, ouvindo José dos Reis Pereira, um dos grandes baluartes dos batistas brasileiros. Retornamos na segunda-feira de manhã, para marcar presença nos trabalhos convencionais que teriam continuidade até a quarta-feira 31 de janeiro de 1973.

A Jubaíba já existia, porém não esteve representada naquela ocasião por uma caravana. Alguns componentes estiveram presentes, inclusive o autor destas notas e o então presidente. O artigo sobre o encontro, intitulado Anotações convencionais de um novato, foi aceito e publicado pelo jornal durante três semanas seguidas. Eliezer esteve presente, já como primeiro presidente. Existe menção a ele em relação a Uirassú Tupinambá, responsável por uma das juntas da convenção. Até o último dia, pelo menos um jubaibano estava registrando praticamente tudo daquele encontro máximo dos batistas brasileiros, inclusive alguns detalhes curiosos, como foi o caso da oração do reitor do Seminário, David Mein, conhecido como doutor em brevidade [v]. Qualquer outra pessoa teria feito uma longa oração, mas a dele, logo na abertura dos trabalhos convencionais, foi a mais sucinta possível, com apenas uma frase, e do tamanho de um grão de mostarda: “Senhor, abençoa os trabalhos convencionais, em nome de Jesus, amém”. O autor do artigo se preocupou com a convenção como um todo, por isso não há detalhes sobre a juventude.

4. ABALO SÍSMICO NO CONCEITO DA JUBAÍBA     

Quarto momento

Fortaleza, CE, 1973, 2º Conordeste.

Nesse quarto momento, que foi a participação no 2º Congresso da Juventude Batista do Nordeste, em Fortaleza, CE, Jeová e sua equipe colaboraram novamente e confeccionaram a imensa faixa que tinha praticamente a extensão do ônibus e que foi afixada na lateral do veículo. E, ainda mais, confeccionaram camisas, cartazes e demais apetrechos necessários à consecução dos objetivos traçados com a devida antecedência. Tudo aquilo mexia muito com todos, pois era uma aventura que deixava todo mundo realizado e feliz. A própria juventude se mexendo por conta própria e conseguindo sair ilesa desses compromissos e de viagens tão longas. E tem mais: tudo organizado, administrado e financiado pela Jubaíba.

A aventura da ida ao 2º Conordeste gerou muita expectativa, pois jovens de todas as partes da Paraíba se aventuraram numa viagem noturna desde João Pessoa e até a sede do congresso, na capital alencarina, enfrentando 735 km em um ônibus que saiu superlotado e apenas com um motorista. Jubaibanos atentos e cuidadosos deram suporte logístico ao motorista, que cochilou bastante e levou o ônibus a ficar em zigue-zague na estrada. Alguns jubaibanos fincaram pé nas imediações do condutor do veículo para evitar o pior. Os rapazes que o assessoravam não tiveram dúvida: pediram para parar e depois de um intervalo de trinta minutos de descanso, autorizaram continuar a viagem.

A caravana ia bem protegida por um anjo da guarda: o pastor José Ednaldo Cavalcanti, novato no volante, ia à frente do ônibus dirigindo o seu Vokswagen Variant TL, zero quilômetro. Assim fez na ida e na volta, demonstrando extrema dedicação à causa da juventude. E lá em Fortaleza, o presidente Eliezer contou com a significativa ajuda dele e dos demais membros da diretoria que estiveram presentes ao encontro.

Ademar Paegle foi o destaque, com mensagens que tocaram profunda e significativamente o coração da juventude. A maioria ainda não o conhecia, uma vez que na época ele pastoreava em Fortaleza. Só depois de algum tempo se mudou para Recife, a fim de pastorear a Igreja Batista de Casa Amarela e ensinar no Seminário.

As Anotações congressistas de um jubaibano, que O Jornal Batista publicou em seus números de 02 e 09/09/1973, apresentam detalhes daquele momento histórico. Porém, por uma questão ética, não apresenta o que de mais dramático aconteceu com a caravana da Jubaíba. O que ocorreu foi o seguinte. Exercendo de sua liberdade, alguns rapazes e algumas moças esticavam os serões das reuniões noturnas, só que pelas ruas de Fortaleza, num turismo fora de hora para os rígidos critérios organizacionais do congresso. A moral batista da época não deixava por menos, pois chegava até a uma espécie de fiscalização aos infratores, como era comum acontecer em algumas igrejas que designavam diáconos para ficarem a postos nas portas dos cinemas, a fim de descobrir quais membros insistiam em assistir filmes e se divertir inocentemente no escurinho da sala de projeções. As saídas noturnas, em Fortaleza, abalaram muito o conceito construído pela Jubaíba até então.

Porém, o que se tornou uma verdadeira pedra no sapato do presidente e dos demais membros da diretoria, foi outro tipo de liberdade exercida pela juventude da Paraíba, e provavelmente por outras caravanas também, que só se efetivou quando o congresso terminou. O fato inusitado, e até engraçado, é que alguns travesseiros dos aposentos onde os congressistas dormiam ficaram de tal maneira apegados aos seus usuários, que resolveram se mudar do Ceará para a Paraíba. E viajaram silenciosamente no ônibus. Foi aí que o bicho pegou. Quando as coisas pareciam ir às mil maravilhas para a Jubaíba, começaram a chegar cartas de Fortaleza com a dura exigência de que os travesseiros travessos fossem devolvidos ao seu habitat natural. E agora, o que fazer? Onde localizar o precioso material? E começou a chuva de cartas entre o presidente e o vice-presidente da Jubaíba, para tentar resolver o impasse. Depois dessas escaramuças, o conceito da Jubaíba ficou bastante abalado. E a tentativa de solução, também drástica, só ocorreria no ano seguinte, nos preparativos para o décimo congresso da Juventude Batista Brasileira, em Recife.

5. UMA JUBAÍBA DIMINUTA NUM CONGRESSO COLOSSAL

Quinto momento

Recife, 1974, 10º Congresso Nacional

Ao congresso colossal, cuja abertura ocorreria em 15/07/1974, em Recife, poderia ter comparecido uma caravana igualmente colossal da Jubaíba, inclusive por conta da distância entre estados vizinhos. Mas não foi isso que ocorreu, justamente por conta do saldo negativo das peripécias em Fortaleza. Estados bem mais distantes mandaram grandes caravanas. A Juventude Batista da Paraíba compareceu ao décimo congresso com uma pequena caravana de apenas vinte e um jovens. Era uma situação inexplicável e até vexatória. Tudo isso como uma tentativa de que não ocorresse em Recife o que ocorrera em Fortaleza. Foi difícil tomar tal decisão, mas a diretoria topou arcar com a responsabilidade. E escolheu a dedo os vinte e um nomes que participariam do Décimo Congresso Nacional, incluindo membros da diretoria.

O colossal do congresso se deu por conta de sua magnitude como encontro de jovens batistas de todo o território brasileiro. Caravanas se deslocaram do Amazonas até ao Rio Grande do Sul, em direção à capital pernambucana. E no artigo escrito e publicado n’O Jornal Batista de 29/09/1974, estão os itens colossais do Congresso de Prata: (i) um colosso de luzes, cores, beleza e juventude, na abertura dos trabalhos; (ii) caravanas colossais: a amazonense, que transitou pela Transamazônica, enfrentando grandes perigos, chegou a Recife com um testemunho colossal, deixando a todos estarrecidos; de Pernambuco, estado hospedeiro, foram 74 inscritos; de Goiás, 37; Bahia, 61; Guanabara, 35 e Mato Grosso 10. Ao todo, foram 1.600 inscritos: era um mundo de gente jovem, alegre, dinâmica, vestida com as cores das juventudes estaduais; (iii) um colosso de preletores, entre os quais: Merval Rosa, Djalma Torres, Juarez Azevedo, Schettini Filho, Valdívio Coelho, Natanael Medrado e Nita Cassiano; (iv) um colosso de técnica, luz e cores, com a belíssima apresentação do conjunto jovem da Igreja Batista da Graça, de Salvador, BA; (v) uma concorrência colossal, pois cada passo das caravanas entrava nas contas para a conquista ou não do ambicionado Troféu Brasil, a ser entregue no último dia do congresso ‒ “Tudo cheirava a concorrência: esportes, evangelismo, visitas às autoridades, comportamento cristão, participação, números de inscritos”, conforme afirma o articulista.

O pequeno grupo da Jubaíba se fez representar pelo seu eterno conselheiro Tomaz Munguba, que levou o grupo musical Mensageiros de Cristo a tiracolo. O grupo brilhou tanto quanto o seu pastor. A certa altura do congresso, Eli Fernandes e o autor destas notas comandaram o cântico de Pai, eu te adoro, em três cânones, para jovens que lotavam as amplas dependências do santuário da Igreja Batista da Capunga. Foi um verdadeiro deleite para a alma. A Jubaíba também cumpriu todas as tarefas que lhe foram delegadas pela direção do congresso, inclusive um culto relâmpago na Praça Sérgio Loreto, onde também se apresentaram os Mensageiros de Cristo; além disso, uma visita ao comandante do IV Exército, que recebeu uma Bíblia de presente das mãos de Tomaz. Outra boa participação foi a de Elzeni Fernandes no concurso promovido pela Imprensa Bíblica Brasileira. A garota se esforçou ao máximo, e entre tanta concorrência o vencedor foi o pernambucano Marconi Monteiro, de inteligência privilegiada.

Ao apagar das luzes do encontro em Recife, ocorreu algo inesperado. Era o momento da escolha do presidente para o Décimo Primeiro Congresso. Os jovens iam à frente para indicar os nomes, e sempre apelavam ao título acadêmico do candidato. Foi aí que um jovem jubaibano apresentou o nome de Tomaz Munguba, quebrando assim a hegemonia das candidaturas. O vencedor não foi ele, mas também não foi quem fez uma acirrada campanha com tal propósito.

6. O VALOR DAS PEQUENAS COISAS

Sexto momento

João Pessoa, PB, 1974, Convenção Batista Estadual.

A presença da Jubaíba na Convenção Batista Estadual, em João Pessoa, 01 a 03/11/1974, está registrada em fotos do velho álbum organizado pelo próprio autor e que foi encontrado e salvo do lixo por Linaldo Guerra. Segundo afirmou, a pessoa acionada por ele teria tentado se justificar dizendo que não havia necessidade de guardar coisas antigas. Em outras palavras, o lugar de coisas antigas é o lixo. Nem dá para imaginar como seria nosso mundo, se essa fosse a mentalidade reinante. Ainda bem que essa não é a prática de jubaibanas e jubaibanos, que sempre souberam preservar a importante história e a memória contida nessas relíquias. Sendo assim, se não fora esse álbum, hoje em posse do autor, nenhum registro haveria da participação da Jubaíba naquela convenção estadual.

E é justamente esse antigo álbum que nos fornece detalhes mínimos do que foi a participação da Jubaíba naquele momento histórico da 50ª Assembleia da CBP, Convenção Batista Paraibana. As fotos são em número de quatro, mas apenas uma delas aparece na galeria abaixo. As outras três são uma vista panorâmica da assistência no santuário da Primeira Igreja Batista de João Pessoa onde a convenção foi realizada, a segunda é do veterano pastor Zacarias de Barros ladeado por Tomaz, Paulo Faustino e Eliam Bastos, enquanto apaga as velas do bolo comemorativo do cinquentenário, e a última é de “Eliam, 2º Vice-Presidente”, encantando as pessoas presentes com “sua voz e violão consagrados ao Senhor”. E o último destaque é este: “Lá estava, também, a Jubaíba, realizando a sua 2ª Assembleia Ordinária, no primeiro dia da convenção, nos horários da manhã e da noite, a qual se revestiu de pleno sucesso”.

7. UMA LONGA VIAGEM

Sétimo momento

Teresina, PI, 1976, 3º Conordeste.

Com muita coragem, determinação e ousadia, a caravana da Jubaíba lotou um ônibus e percorreu 1.024 km de Campina Grande, PB, a Teresina, PI, para participar do 3º Congresso da Juventude Batista do Nordeste, de 21 a 24/07/1976. O autor ainda datilografou um texto para tentar publicar n’O Jornal Batista, mas terminou desistindo de mandar, até mesmo pela falta de tempo, pois na época já estava no seminário, envolvido com igreja, trabalho e estudos. Os “Desafios do 3º Con-Nordeste” ficaram arquivados como mera lembrança, mas agora foram consultados para a composição do presente artigo. 

A viagem foi um grande desafio, e não apenas por causa da distância. Foi uma aventura cheia de percalços, pois o ônibus rodou bastante até chegar a um lugar apropriado para uma rápida refeição. O pequeno restaurante ficava à beira da estrada. As opções eram mínimas. A limpeza do local não era a mais recomendável. Mesmo assim, alguém da caravana resolveu sentar para tentar pedir alguma coisa. Notou, entretanto, que era melhor continuar, pois aquilo ali era totalmente inadequado. Levantou-se sem pedir nada. Quando a caravana fez menção de sair, o dono disse que era preciso pagar uma taxa, pois alguém sentara em uma das cadeiras. Joran Correa Costa protestou e a caravana saiu sem se alimentar e sem pagar, claro. Mas o lugar era muito inóspito, mal cuidado e com um péssimo atendimento.

Ao chegar a Teresina, a caravana inteira sentiu o impacto da altíssima temperatura. A cidade é tão quente, que até durante a madrugada os ventiladores não venciam o calor reinante nos dormitórios. A Primeira Igreja Batista de Teresina, pastoreada na época por Júlio Borges, recebeu a todos com muita atenção, simpatia e carinho. Após a abertura do congresso, à noite, procuramos um lugar para nos alimentar e não encontramos. Mas o presidente da Juventude Batista do Piauí acompanhou a caravana da Jubaíba a um lugar afastado do centro da cidade, onde finalmente a turma se alimentou.

Vamos, agora, a alguns destaques das anotações feitas na época. “Sob o calor escaldante de Teresina, Piauí, realizou-se o 3º Congresso da Juventude Batista do Nordeste, de 21 (à noite) a 24 de julho de 1976. A caravana da Jubaíba partiu de Campina Grande às 17h30 do dia 20, com 41 congressistas, e às primeiras horas do dia 21 pisava em solo piauiense”. Estiveram presentes ao evento oito juventudes estaduais: Jubace (CE), Jubaíba (PB), Jubal (AL), Jubama (MA), Jubape (PE), Jubapi (PI), Jubarn (RN) e Jubase (SE).

Foram muitos os desafios enfrentados pela direção do congresso. O maior deles talvez tenha sido a hospedagem de tanta gente. O jovem Francisco Rodrigues de Araújo, presidente da Jubapi, deu tudo de si para que as caravanas nada sofressem. Só mesmo uma juventude corajosa convidaria um congresso para Teresina que, segundo um observador, “é a capital do Estado mais pobre do Nordeste”. Os preços lá são pelo menos cinquenta por cento mais altos do que os de Recife, por exemplo. Apenas duas coisas tinham preços competitivos: corrida de táxi e Coca-Cola. Hospedar tanta gente numa situação dessas merece elogios. Inicialmente, as refeições deveriam ser servidas no Centro de Educação Religiosa, propriedade dos batistas aberta exclusivamente para receber os congressistas. Mesmo assim, houve problemas e a direção do congresso se viu em apuros. Algumas pessoas partiam para lanchonetes, enfrentando exorbitantes preços, e outros permaneciam dependendo do destino a ser dado à caravana. O próprio presidente da Jubapi conseguiu pelo menos mais duas refeições, para jubaibanos e jubaibanas, no Quartel da Polícia Militar do Piauí, que recebeu a caravana de maneira admirável. Na última sessão do congresso foi proposto um “voto de agradecimento” ao comando da Polícia, que recebeu a Jubaíba tão gentilmente.

Outro grande desafio do congresso em Teresina foi o conteúdo apresentado nas mensagens de Tarsis Wallace Lemos, da Igreja Batista da Graça, Salvador, BA, formado recentemente pelo Seminário Batista de Recife. Além de poeta é também compositor. O Hinário do Congressista trazia algumas músicas de sua autoria. Bastante jovem e comunicativo, conseguiu marcar com suas mensagens em linguagem erudita e terminologia moderna. Todas as suas mensagens foram portadoras de grandes desafios à juventude batista ali presente. O saldo que deixou foi consideravelmente positivo.

Como não poderia deixar de ser, houve também o desafio de três cursinhos apresentados durante o encontro: sobre a vida cristã, a vida universitária e a vida a dois. Os preletores convidados foram: Ademar Paegle, José Florêncio Rodrigues Júnior e Roldão Arruda, este, capelão do Colégio Batista de Fortaleza.

O desafio do folclore trouxe algumas complicações, justamente por conta do espírito proselitista reinante em alguns congressistas. A apresentação foi no Teatro de Arena, um belo espaço ao ar-livre, na noite do dia 23. O espetáculo colorido prendeu a atenção de muitos e causou profundo impacto em outros, chegando alguns a denominar o encontro de “festa do diabo”. E parece que até hoje a coisa não mudou muito, pois “lá e cá, más fadas há”.

O último desafio do 3º Congresso da Juventude Batista do Nordeste foi o vocacional. Para a Noite das Vocações foi convidado, além do orador oficial, Ademar Paegle, o Reitor da Universidade Federal do Piauí que, embevecido pelo cântico e vibração dos congressistas, afirmou logo no início de suas palavras: “As pessoas que cantam são pessoas que amam”. Para ele, “a juventude é o melhor capital que o Brasil possui”.

CONCLUSÃO

São desses primeiros quatro anos da Jubaíba que tratarão esses artigos. No caso do atual, foi necessário juntar todos esses relatos em um só, pois de certa maneira estão sob uma mesma temática. O que se vê é que, mesmo passando por momentos mais difíceis e desafiadores, a Juventude Batista da Paraíba soube se desvencilhar com muita sabedoria de todos os seus compromissos oficiais e sempre foi agente de inspiração para moças e rapazes, e até adultos e crianças. Além disso, sempre contou com a participação responsável de cada pessoa envolvida com seus ousados projetos. Aqueles quatro primeiros anos ainda são, e continuarão sendo, motivo de orgulho para tantas testemunhas vivas do que aconteceu de positivo e revolucionário em solo paraibano e bem além das fronteiras da Paraíba. A Jubaíba marcou vidas, estabeleceu marcos e continua vitoriosa até os dias atuais. Isso é motivo de orgulho para muitas gerações.

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GALERIA DE FOTOS

Fortaleza, CE, 18 a 22 de julho de 1973: II Conordeste, Congresso da Juventude Batista do Nordeste.

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FOTO 2 ‒ A JUBAÍBA EM FORTALEZA

O potente ônibus sai lotado de João Pessoa com destino ao 2º Conordeste em Fortaleza.

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­­­FOTO 3 ‒ A JUBAÍBA EM FORTALEZA

Trata-se de uma só fotografia tirada com máquina especial e que continua na próxima foto.

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FOTO 4 ‒ A JUBAÍBA EM FORTALEZA

Identifique jubaibanos e jubaibanas nesta foto histórica. É uma tarefa que deixo a cargo de leitoras e leitores que viveram aqueles inesquecíveis momentos.

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FOTO 5 ‒ A JUBAÍBA EM FORTALEZA

Na foto, da esquerda para a direita: João Lemos, Renivaldo Rufino e Eli Fernandes. Soube, através de Betânia, a lamentável notícia de que João já não está mais conosco, vítima que foi de complicações cardíacas e renais. João Lemos Pessoa Filho (31/07/1950-15/08/2020, 70).

FOTO 5a ‒ A JUBAÍBA EM FORTALEZA

Mais uma foto do congresso em Fortaleza. Esta me foi encaminhada pelo querido amigo e grande jubaibano José Bonifácio Viana. Um dos filhos do pastor Ednaldo está logo à esquerda de Eliezer Lourenço, que porta a placa com o nome Paraíba.  

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FOTO 6 ‒ A JUBAÍBA EM FORTALEZA

Valdir Lucena e Renivaldo fazem de conta que têm domínio instrumental.

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FOTO 7 ‒ A JUBAÍBA EM FORTALEZA

Eliezer tenta apaziguar a tensa situação gerada por alguns componentes da Jubaíba durante o 2º Conordeste, em Fortaleza.

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Recife, PE, 15 a 20/07/1974: 10º Congresso Nacional da Juventude Batista Brasileira.

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FOTO 8  ‒ A JUBAÍBA NO DÉCIMO CONGRESSO

Elzeni, “a candidata jubaibana (irmã carnal de Eli Fernandes) orou, estudou, se concentrou, se comportou, chorou, mas não passou no show promovido pela Imprensa Bíblica Brasileira, constando de perguntas as mais variadas sobre a Bíblia. Marconi Monteiro, de Pernambuco, foi o vencedor da primeira à última noite”. 

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FOTO 9  ‒ A JUBAÍBA NO DÉCIMO CONGRESSO

A Jubaíba entrega Bíblia ao comandante do IV Exército. Eram vinte e um, inclusive com o grupo musical da Primeira Igreja Batista de João Pessoa. Essa foi uma das tarefas cumpridas a contento.

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FOTO 10  ‒ A JUBAÍBA NO DÉCIMO CONGRESSO

“Nesta fotografia (que parece oficial), aparece gente da Paraíba, do Amazonas, de São Paulo, de Brasília, de Goiás e da Bahia (pastor Valdívio de Oliveira Coelho, um dos preletores do Décimo Congresso)”. Lembre-se de identificar jubaibanas e jubaibanos e registrar quando fizer o comentário no Blog.

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FOTO 11 ‒ A JUBAÍBA NO DÉCIMO CONGRESSO

Anotação no álbum de fotografias da Jubaíba  “Em um dos intervalos do Décimo Congresso, uma pausa para a fotografia histórica: Paraíba, São Paulo (Davi, o moreno [ao lado de Renivaldo], presidente da JUBESP e também eleito para a diretoria do XI Congresso, e a jovem de óculos), Bahia (Hélio Lourenço, o baiano‒jubaibano) e Goiás (as duas vestidas de amarelo)”. Identifique as demais pessoas e registre quando fizer seu comentário no Blog.

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FOTO 12 ‒ A JUBAÍBA NO DÉCIMO CONGRESSO  

15 a 20/07/1974: Jubaibanas e jubaibanos prestam toda atenção à palavra de Djalma Torres, que falou sobre o conceito do novo no Novo Testamento.  

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FOTO 13 ‒ A JUBAÍBA NO DÉCIMO CONGRESSO  

O conjunto musical Mensageiros de Cristo se apresenta na Igreja Batista da Capunga em um dos dias do Décimo Congresso da Juventude Batista Brasileira.

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João Pessoa, PB, 01 a 03/11/1974: CONVENÇÃO BATISTA PARAIBANA

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FOTO 14 ‒ A JUBAÍBA NA CONVENÇÃO BATISTA PARAIBANA

Da esquerda para a direita: Billy Fallaw, “amigo da Jubaíba”, Tomaz Munguba, que nessa ocasião era o conselheiro, Francisco Luiz de França, Baruch da Silva Bento, que foi o conselheiro durante o primeiro biênio, e Cornélio Avelino. 

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Teresina, PI: 21 a 24/07/1976, 3º Congresso da Juventude Batista do Nordeste

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FOTO 15 ‒ A JUBAÍBA EM TERESINA

Esta é a única foto salva do congresso de Teresina.

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NOTAS__________

[i] Conferir diversas publicações sobre este e outros assuntos ‒ RUFINO, J. R.: (1) ”Grandes pregadores e sua pregação”: análise do trabalho homilético do pastor José Britto Barros. João Pessoa: Gráfica e Editora Diplomata, 1995. 139 p. s/ISBN. (2) “Bênçãos em Pitimbu”. O Jornal Batista. Rio de Janeiro: JUERP, 19/03/1972. p. 6. (3) “Cinquentenário da Primeira Igreja Batista de Campina Grande”. O Jornal Batista. Rio de Janeiro: JUERP, 25/06/1972. p. 3 e 9. (4) “Anotações convencionais de um novato”. O Jornal Batista. Rio de Janeiro: JUERP, 11/03/1973. I. p. 5. (5) “Anotações convencionais de um novato”. O Jornal Batista. Rio de Janeiro: JUERP, 18/03/1973. II. p. 4. (6) “Anotações convencionais de um novato”. O Jornal Batista. Rio de Janeiro: JUERP, 18/03/1973. III. p. 10 e 11. (7) “Jubaíba tem símbolo”. Revista Mocidade Batista. Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista, 2T73. p. 44 e 45. (8). (9) “Com Cristo tudo mudou”. O Jornal Batista. Rio de Janeiro: JUERP, 29/04/1973. p. 6. (10) “Anotações congressistas de um jubaibano”. O Jornal Batista. Rio de Janeiro: JUERP, 02/09/1973. I. p. 6. (11) “Anotações congressistas de um jubaibano”. O Jornal Batista. Rio de Janeiro: JUERP, 02/09/1973. II. p. 6. (12) “As lágrimas da santificação”. O Jornal Batista. Rio de Janeiro: JUERP, 07/04/1974. p. 6. (13) “Um congresso colossal”. O Jornal Batista. Rio de Janeiro: JUERP, 29/09/1974. p. 9 e 11. (14) “Jubaíba tem nova liderança”. Revista Mocidade Batista. Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista, 4T74. p. 39. (15) “Vocacionados 75”. O Jornal Batista. Rio de Janeiro: JUERP, 21/12/1975. p. 5. (16) “A Jubaíba tem novo presidente”. Revista Mocidade Batista. Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista, 1T76. p. 8. (17) “Sê tu uma bênção, Jubaíba”. O Jornal Batista. Rio de Janeiro: JUERP, 11/04/1976. p. 10 e 8. (18) “Dinheiro sagrado”. O Jornal Batista. Rio de Janeiro: JUERP, 06/12/1987. p. 2. (19) “Bill Fallaw”: um pastor inesquecível. O Jornal Batista. Rio de Janeiro: JUERP, 08/07/1990. p. 8. (20) “Primeira de Beberibe organiza mais uma igreja”: cinco jovens e um sonho. O Jornal Batista. Rio de Janeiro: JUERP, 28/04/1991. p. 6. (21) “O voo da águia”. O Jornal Batista. Rio de Janeiro: JUERP, 07/02/1993. p. 11. (22) “U’a multidão de joelhos”. O Jornal Batista. Rio de Janeiro: JUERP, 12/03/1995. p. 7. (23) “Perfil de duas igrejas batistas crescentes”: Primeira Igreja Batista e Igreja Evangélica Batista de João Pessoa. Recife: Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil, 1997. Monografia de mestrado em teologia inédita. (24) “Primeira Igreja Batista de João Pessoa”: crescimento, teatralidade ou fantasia? Recife: Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil, 1999. Dissertação de mestrado em teologia inédita. 390 p. (25) “Fundamentação epistemológica do conhecimento em O livre arbítrio de santo Agostinho”. Recife: Universidade Católica de Pernambuco, 2000. Monografia de bacharelado em filosofia inédita. 119 p. (26) “Passado, presente e futuro”: o tempo da consciência e a consciência do tempo no pensamento de santo Agostinho. Recife: Universidade Federal de Pernambuco, 2003. Dissertação de mestrado em filosofia inédita. 179 p. (27) “Relevância filosófica das pequenas coisas”: a infância no livro I das Confissões de Agostinho de Hipona. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2011. Tese de doutoramento inédita. 280 p.

[ii] Conferir: RUFINO, J. R. (1) “Anotações convencionais de um novato”. O Jornal Batista. Rio de Janeiro: JUERP, 11/03/1973. I. p. 5. (2) “Anotações convencionais de um novato”. O Jornal Batista. Rio de Janeiro: JUERP, 18/03/1973. II. p. 4. (3) “Anotações convencionais de um novato”. O Jornal Batista. Rio de Janeiro: JUERP, 18/03/1973. III. p. 10 e 11. 

[iii] Conferir: RUFINO, J. R. (1) “Anotações congressistas de um jubaibano”. O Jornal Batista. Rio de Janeiro: JUERP, 02/09/1973. I. p. 6. (2) “Anotações congressistas de um jubaibano”. O Jornal Batista. Rio de Janeiro: JUERP, 02/09/1973. II. p. 6.

[iv] Conferir: RUFINO, J. R. “Um congresso colossal”. O Jornal Batista. Rio de Janeiro: JUERP, 29/09/1974. p. 9 e 11.

[v] Os sermões do dr David Mein jamais ultrapassavam os vinte minutos. Eram pequenos e, ao mesmo tempo, grandes em conteúdo.